quinta-feira, 20 de maio de 2021

Fome de Viver(The Hunger, Reino Unido, 1983)

Quando Fome de Viver começa com a banda Bauhaus cantando a emblemática Bela Lugosi’s Dead, com Miriam e John, personagens de Catherine DeNeuve e David Bowie, caçando numa boate, temos um anúncio do clima gótico e hipnótico que o filme irá proporcionar.

Baseado no romance de Whitley Strieber, o filme de estria de Tony Scott, é um conto 

agonizante de vampiros, circulando em torno de uma sensualidade totalmente eficaz. John está envelhecendo e diante da aparente desistência de sua mestre ele procura pela cientista Sarah Roberts(Susan Sarandon), que o ignora.


Quando percebe que ele está falando sério, ele se parece com Matusalém, Sarah vai em busca  de respostas. Ao chegar na luxuosa mansão onde Deneuve e Bowie vivem, é quando uma taça de xerez à leva a sedução.


Fome de Viver é acima de tudo uma história de paixão. Uma paixão contagiosa, não é a toa que o aspecto vampírico do filme seja uma metáfora para a síndrome da AIDS, que no início dos anos 1980 era  uma epidemia A palavra “vampiro” jamais é citada e a condição pesquisada pela equipe de cientistas, de Sarah, é tratada como uma doença transmitida pelo sangue. 



Também não há caninos a mostra nas criaturas de
Fome de Viver, eles usam talismãs em formas de ankh para apunhalar suas vítimas e segundo as regras de Miriam se manter alimentador por uma semana. A luz do sol também não é um problema e eles podem exibir seus opulentes óculos escuros.

A direção de fotografia, de Stephen Goldblatt, ressalta ambientes góticos com uma iluminação inebriante e momentos sedutores com cortinas esvoaçantes, sangue rolando e uma certa referência ao clássico Nosferatu. Os figurinos absolutamente elegantes, de Yves Saint Laurent, também possuem um ar sombrio e fazem que esse seja um filme adorado pelos fashionistas.


A  esperada cena de sexo entre Catherine DeNeuve e Susan Sarandon é emblemática, por mais que ela permaneça no espectro do sugerido, e dá ao filme o momento catártico que levará a seu desfecho obscuro.


Por mais que a crítica considere Fome de Viver um filme vazio, a obra é um clássico do gênero de vampiros, ainda mais por reunir um elenco tão primoroso e único, que proporciona cenas monumentais, belas e magnéticas, como as aulas de violino dadas por Miriam. Um filme de culto gótico-pós-moderno-punk.



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