Lírios, uma fantasia de vingança extravagantemente polida do cineasta canadense John Greyson, do inventivo musical Zero Patience(1993), eleva o nível de protesto contra a igreja em um grito estridente. O drama de época é ambientado em uma prisão masculina de Quebec, em 1952, sugerindo Jean Genet, seus ambientes carcerários e suas elaboradas variações do formato de peça dentro da peça.
O bispo Bilodeau (Marcel Sabourin), que foi chamado para ouvir a confissão do prisioneiro Simon Doucet(Aubert Pallascio), encontra-se refém na capela, que foi tomada pelo contingente homossexual da instituição. Contra sua vontade, ele é forçado a assistir a uma peça, encenada pelos presos, que recria uma tragédia de 40 anos atrás quando era estudante numa escola católica.
A história que eles apresentam conta sobre o amor trágico entre o jovem Simon (Jason Cadieux) e Vallier (Danny Gilmore), dois amantes que começaram a se beijar com muita intensidade para o desconforto das pessoas em um peça sobre o martírio de São Sebastião. À medida que a reconstituição continua, as paredes da prisão derretem e estamos de volta em 1912, com os presos desempenhando todos os papéis, incluindo os femininos.
Adaptado de uma peça de Michel Marc Bouchard, o filme ousa ao apostar no uso de atores travestidos em um drama romântico. O ator negro, Alexander Chapman, interpreta a Lady Rozier, noiva de Simon, com tamanha extravagância que torna completamente crível sua versão de uma diva francesa. O retrato trêmulo e selvagem de Brent Carver, como a mãe aristocrática e louca de Vallier, também é louvável.
A maior parte do filme consiste na peça dentro do filme, apresentada pelos presidiários para Bilodeau e Doucet Os tons homoeróticos da peça de São Sebastião contribuem para o despertar sexual de Bilodeau, que envolve o amor não correspondido por Simon e um plano maléfico.
Inventivo, metalinguístico, poético e ainda assim cruel, Lírios quebra paradigmas para contar uma história de amor de forma não convencional, intensa e muito eficiente. O filme foi premiado no Montreal World Film Festival, L.A. Outfest, no Austin Gay and Lesbian International Film Festival, além de receber o Genie, Oscar canadense, de Melhor Filme.
Adoro essas descobertas!
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