sexta-feira, 28 de maio de 2021

Luciérnagas(México/Grécia/República Dominicana, 2018)

Luciérnagas, da diretora Bani Khoshnoudi, acompanha Ramin, Arash Marandi de Garota Sombria caminha pela noite(2014), um jovem iraniano, que ao fugir de seu país para a Europa de navio, vai parar no porto de Veracruz, no México.

Sem saber falar espanhol, percebemos que o protagonista é homossexual pelos chats tensos via Skype com o namorado que deixou no Irã. Na cidade, ele pode contar apenas com a administradora de onde está hospedado, Lete(Flor Edwarda Gurrola), uma das figuras mais carismáticas e envolventes do filme, desesperada por ser o que supostamente se espera de uma mulher. 


O longa transita pela esfera do subentendido, e mesmo que haja muita dor e sofrimento no protagonista, as questões de migração é que são postas em foco. O ex-namorado de Leti, tem que voltar dos Estados Unidos por um tempo, o lugar onde todos sonham estar.


Mas também há espaço para o amor no filme, quando Ramin conhece o hondurenho Guillermo(Luis Alberti). A relação é pautada na tensão sexual e tateia possibilidades de um relacionamento carnal e afetivo, é quando percebemos que nosso herói finalmente está fincando raízes em algum lugar. No entanto, ele conta a Guillermo que esteve preso no Irã, mas não expressa as razões: sua sexualidade.


Luciérnagas  é rico em alimento para o pensamento, abrindo paralelos inexplorados entre seus personagens, todos os quais se encontram presos em vidas em uma cidade portuária - um lugar de trânsito - que agora se tornou sua realidade permanente, e da qual há apenas uma vaga esperança de fuga. 


Visualmente poético, o longa coloca em jogo imigração, sexismo, homofobia e outros preconceitos devidamente organizados. O título foi inspirado em um texto de Pasolini, escrito em 1972, ao enfrentar o neofascismo, ressaltando a sobrevivência dos vagalumes, uma analogia para pessoas que conseguem se manter em pé apesar da situação.


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