Ewan McGregor brilha do início ao fim de Halston, minissérie em 5 episódios da Netflix, com produção assinada por Ryan Murphy e direção de Daniel Minahan. Baseado na biografia Symply Halston, de Steven Gaines, a série conta a história de ascensão e queda de um ícone da moda.
Quando Roy Halston atinge alguma fama por desenhar um chapéu usado por Jackie Kennedy, no início da década de 1960, os caminhos começam a se abrir para o jovem vindo de Indiana, e fã de Balenciaga. Em 1968, porém, quando os chapéus saem de moda, Halston precisa de novas ideias para manter sua marca. Ele cria um desfile apático, mas que acaba de certa forma chamando a atenção de uma famosa socialite, a quem apresenta sua criação: o ultrasuede.
Amigo íntimo de Liza Minnelli (Krysta Rodriguez), que aparece numa primeira cena performando Liza with Z, o excêntrico designer tem a oportunidade de apresentar uma coleção numa Batalha de Estilistas, em 1973, no Palácio de Versalhes, e acaba despertando o interesse do investidor David Mahoney(Bill Pullman).
Com o dinheiro vêm os excessos, o uso abusivo de álcool, cocaína, sexo com garotos de programa, e noitadas na fabulosa Studio 54, acabam lhe levando a Victor Hugo(Gianfranco Rodriguez), um jovem latino de intenções duvidosas que proporciona os momentos mais eróticos da série.
Ao lado da equipe formada por Joe(David Pittu) e a modelo Elsa(Rebecca Dayan), Halston triunfa e começa a ser uma marca cobiçada entre artistas e socialites. Ironicamente, anos antes o estilista havia dispensado o jovem Joel Schumacher(Rory Culkin), de seu time, justamente pelo consumo de drogas. Agora ele mantém em seu estúdio um vaso com cocaína para acompanhar seu processo criativo.
A cena em que aparecem vários Halstons, simbolizando a expansão de seus negócios é memorável. Louvável também são seus encontros com a perfumista Amélia(Vera Farmiga) que desenvolvendo uma fragrância com seu nome, lhe leva às mais profundas recordações.
Consumido pela cocaína e pelo amor bandido de Victor Hugo, o protagonista passa a repelir todos os que o amam, como Joe e Elsa, exceto Liza Minelli, que está sempre ao seu lado, até depois de frequentar a reabilitação.
A fragilidade de Halston é tão profundamente camuflada que ele se torna um egocêntrico e megalomaníaco, porém sua ambição e irresponsabilidade o levam à ruína, quando ele perde os direitos de seu próprio nome para uma grande corporação.
A estética da série acompanha a efervescência da década de 1970, e foge um pouco do estilo de Murphy, mesmo quando mostra Halston conversando com Divine, na Studio 54. Com cenários opulentes, a produção também faz muitas referências à POP ART de Andy Warhol, além de ser uma celebração à moda, valorizando tecidos, texturas e estampas.
“Não sou mais uma pessoa, sou uma marca”. Nesse meio-termo reside o desempenho fenomenal de McGregor. A narrativa é tão carregada que ele geralmente está gritando, lamentando ou então ficando estranhamente quieto, com um cigarro glamouroso onipresente na mão.
Por toda a emoção por trás de festas, desfiles e glamour, a série apresenta um ícone e coloca em questão o comércio da indústria da moda. Perto do fim de Halston, o estilista recebe um arco de redenção, uma última oportunidade para ele projetar algo verdadeiramente adorável, legítimo e inovador.
Parabéns! A série é maravilhosa
ResponderExcluirUm gde acréscimo com detalhes dessa série que comecei a ver
ResponderExcluirÓtimo texto