Filmado entre 1964 e 1970, Pink Narcissus de James Bidgood, que por anos não teve a identidade revelada assinando a obra como Anônimo, conta a história etérea de um jovem e suas fantasias eróticas com as quais ele passa o tempo.
O modelo e protagonista, Bobby Kendall, retrata a um garoto de programa, preso em um inferno surrealista. Ele é Narcissus, jovem que ama seu próprio reflexo e se imagina nas mais alegóricas, coloridas e estranhas alucinações. A câmera passeia incansavelmente por seu corpo fazendo uma rara analogia do umbigo com outro orifício.
Embora o filme não tenha diálogos, a história se desenrola como um sonho, com o protagonista experimentando alguma sensação, que desencadeia nele uma viagem ao próprio subconsciente. Nós o vemos como um toureiro, um imperador, assim como uma figura espiritual nua no deserto ou como uma alma perdida vagando pelas ruas de uma Nova York homoerotizada.
Gravado em 8mm, com uma imaginativa e brilhante iluminação, o longa não tinha roteiro apenas um storyboard que proporcionou momentos masturbatórios e de poesia audiovisual, como uma borboleta pousada em um pênis ou o ousado close de uma ejaculação.
A vivacidade das fantasias do protagonista, nos revela como seu narcisismo é sua maior armadilha já que sua imaginação pode lhe levar a caminhos obscuros. O filme que se assemelha com uma instalação artística ou uma vídeo-arte, é uma experiência absolutamente imersiva, psicodélica, homoerótica, onde um jovem é maravilhosamente objetivado.
Celebrado como uma obra underground e precursora do cinema LGBTQIA+, o rococó, kitsch, e extravagante Pink Narcissus inspiraria uma geração de artistas talentosos tais como Derek Jarman, Pierre et Gilles, David la Chapelle e Bruce la Bruce, cujo último longa chama-se, casualmente, Saint Narcissus.
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