sábado, 22 de maio de 2021

Peter Tatchell: Do Ódio ao Amor(Hating Peter Tatchell, Austrália, 2021)

Apontado como o Inimigo Nº 1 da Grã Bretanha, fascista gay e terrorista homossexual, Peter Tatchell é um militante fervoroso pelos direitos LGBTQIA+, que com suas estratégias, muitas vezes agressivas, acabou chamando a atenção para o bem e para o mal.

O documentário de Christopher Amos, produzido por Elton John, é construído em cima de uma entrevista do próprio Tatchell à Ian McKellen, onde relembra 50 anos de ativismo, de um jovem que deixou a conservadora Austrália para travar uma luta heroica no Reino Unido.


Quando a batalha de Stonewall aconteceu em Nova York, acordou o mundo para a questão dos direitos dos homossexuais. Na Inglaterra, Peter Tatchell foi um dos responsáveis pela Frente da Libertação Gay, que em 1972, promoveu a Primeira Parada do Orgulho LGBTQIA+ em Londres.


Com a necessidade de criar leis que garantissem acima de tudo a segurança da população LGBTQIA+, Tatchell tentou entrar para a vida política se candidatando a deputado. Ridicularizado e ameaçado por sua homossexualidade, o candidato sofreu uma derrota esmagadora, combustível para mais energia.


A década de 1980 foi assombrada pela epidemia da AIDS e o crescimento da homofobia chegou até o governo de Margareth Thatcher, que fazia discursos conservadores e anti-homossexuais. Tatchell e sua equipe tiveram que trabalhar dobrado para conscientizar e garantir direitos, em um dos períodos mais obscuros da história LGBTQIA+.



Os depoimentos de Stephen Fry ajudam a reconstruir atos que marcaram época. Quando fundou a afrontosa OutRage! o ativista pretendia contestar e até mesmo tirar do armário figuras importantes que ele julgava hipócritas. Além disso, há toda uma proibição de qualquer tipo de material homossexual em escolas, o que ele contesta.

Uma de suas ações mais emblemáticas aconteceu durante a Missa de Páscoa, na Catedral de Londres, conduzida pelo Bispo George Carey. Ele e diversos ativistas invadiram o púlpito e com cartazes e gritos de ordem chamaram a atenção da imprensa. Em seu depoimento o próprio religioso, chocado na época, traça hoje um paralelo entre o ativista e Jesus Cristo.


Militante global, Peter Tatchell protestou contra o ex-presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, onde acabou sendo espancado e mais uma vez voltando os holofotes para si. Na Rússia, ele foi questionar a FIFA, por escolher um país homofóbico como sede de uma Copa, e protestar sobre as mortes na Chechênia.


Com um senso enorme de amor, liberdade, igualdade e justiça ,Peter Tatchell é um caso raro de militância. Sua paixão e devoção em defender as causas LGBTQIA+ e os direitos humanos deixaram sequelas, mas ele faz questão de enfatizar que a luta não irá parar. Documentário imperdível disponível na Netflix!


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