quarta-feira, 19 de maio de 2021

We Are Who We Are(EUA/Itália, 2020)

O cineasta italiano Luca Guadagnino sabe realmente dar vida a um lugar, evocando mundos específicos para formar seus personagens e nos quais o público se entrega com facilidade e entusiasmo. Na série We are Who We are, da HBO, o diretor de Me Chame pelo seu nome(2017), realiza uma produção atmosférica e fascinante sobre as descobertas da fluidez de gênero.

Fraser Wilson (Jack Dylan Grazer) é um adolescente americano de 14 anos que se muda com sua mãe Sarah (Chloe Sevigny) e sua esposa Maggie (Alice Braga) de Nova York para a Itália. Sarah é a nova comandante da base militar e Fraser não está muito feliz por ter deixado seu país.


Em seu primeiro dia na base, enquanto Fraser está caminhando para dentro da escola, ele espia sua vizinha, Caitlin ( Jordan Kristine Seamon) e seus amigos, incluindo Britney (Francesca Scorsese), Sam (Ben Taylor) e o irmão de Caitlin, Danny (Spence Moore). Fraser os segue silenciosamente até a praia a pedido de Britney.


A exploração da base por Fraser também serve para apresentar este microcosmo de uma comunidade ao público, um bizarro entre mundos que não é exatamente americano nem italiano. Mas Fraser não é apenas o guia do espaço, sua aventura configura o tipo de show que Guadagnino criou.



A série, de 8 episódios, se passa no período das eleições entre Hillary Clinton e Donald Trump, e esse contexto também serve para moldar a personalidade de Sarah, bem distinta da brasileira Maggie, que em determinado acaba se envolvendo em um caso extraconjugal.

O núcleo está centrado nas famílias de Fraser e Caitlin, com o complacente pai Richard, líder de um lar de nigerianos, interpretado por Kid Cudi. Mas é na garota que reside o aspecto mais inebriante da série, com ela desejando ser chamado de Harper e começar a apresentar anseios de realizar uma transição.


O sol está brilhando e os corpos jovens de We Are Who We Are cintilam com suor e confiança. Um dos episódios é uma celebração sexual movida a alguma substância na qual seus corpos são como uma música que parece levá-los. Há um forte homoerotismo que permeia a produção, logo no primeiro episódio Fraser invade um vestiário repleto de soldados nus.


Fraser, parece estar se descobrindo e mostra uma grande ambiguidade sexual, quando cria afeto por Jonathan(Tom Mercier), o assistente da mãe. Em determinado momento há a participação de Timotheé Chalamet e Armie Hammer, o casal de Me Chame pelo seu nome, mas se você piscar, perde.


A ressonância emocional é o que fundamenta uma série arriscada que poderia facilmente ter sido pouco mais do que indulgência em mãos diferentes. Nas mãos de Guadagnino, We Are Who We Are é uma experiência memorável.



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