sexta-feira, 14 de maio de 2021

O Tempo que Resta(Le temps qui reste, França, 2005)


Neste drama envolvente, o diretor francês François Ozon fez seu segundo em uma trilogia de filmes sobre a morte. O primeiro foi Sob a Areia(2000), no qual uma personagem interpretada por Charlotte Rampling tenta se reconciliar com a perda de seu marido, e finalizada por Ricky(2009). Aqui, o personagem principal é um fotógrafo, de 31 anos, que descobre que tem câncer terminal. Essa surpresa embaralha seus valores e sua força para fazer algumas escolhas muito importantes sobre como lidar com os seus últimos três meses de vida.


Romain, Melvil Poupaud, que mais tarde protagonizaria Laurence Anyways(2012), um fotógrafo de moda de Paris, desmaia um dia durante uma sessão de fotos. O médico faz alguns exames e diagnostica o câncer. Ele sugere quimioterapia, mas Romain não tem interesse nela, uma vez que a doença já está profundamente enraizada em seu corpo. A primeira coisa que ele faz é ir a um parque e começa a chorar. 


Naquela noite, ele visita seus pais (Daniel Duval e Marie Riviere), que aceitaram sua homossexualidade. Mas, no jantar, Romain ataca sua irmã solteira Sophie (Louise-Anne Hippeau).. Quando seu pai o leva para casa, Romain pergunta por que ele permaneceu casado, embora tenha tido muitos casos. Seu pai confessa que ainda ama sua esposa. Pai e filho se abraçam, mas Romain não compartilha suas drásticas notícias.


De volta ao seu apartamento, Romain faz amor com o parceiro Sasha (Christian Sengewald), mas depois diz a ele que não o ama mais e que a rotina tirou a paixão do relacionamento deles. Ele ordena que ele faça as malas e vá embora. Em seguida, Romain vai ver sua avó boêmia, interpretada pela veterana Jeanne Moreau, a única pessoa no mundo que o ama incondicionalmente. 


François Ozon não ameniza as arestas deste fotógrafo cuja profissão tende a afastá-lo das pessoas. Ao longo do drama, Romain tem encontros com seu eu de infância durante cenas de flashback, incluindo momentos de intimidade com sua irmã e sua primeira experiência sexual em uma igreja após uma pegadinha envolvendo água benta. Essas viagens pela estrada da memória tem a força de afetar o coração.


Mesmo assim, Romain se recusa a contar a qualquer pessoa de sua família que está morrendo. Em um surpreendente ato de generosidade e amor, ele estende a mão para Jany (Valeria Bruni-Tedeschi), uma garçonete de um restaurante que tem uma proposta incomum para ele. O Tempo que resta, é um drama lírico, com um sutil toque de erotismo, que revela que cada um de nós deve enfrentar a morte em seus próprios termos.


 

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