segunda-feira, 19 de maio de 2025

Liza: A Truly Terrific Absolutely True Story (EUA, 2025)

“Liza: A Truly Terrific Absolutely True Story” é um mergulho no redemoinho que é Liza Minnelli, a diva que carrega o peso dos pais Judy Garland e Vincent Minelli e o brilho de mil holofotes. Bruce David Klein tenta capturar essa força da natureza, traçando sua trajetória de “Cabaret” a shows esgotados, com imagens de arquivo que são ouro. De “Cabaret” a “New York, New York”, seus hinos ecoam em plateias esgotadas. 

Entrevistas com amigos e fãs pintam Liza como uma sobrevivente, mas o filme às vezes tropeça num saudosismo que parece mais plumas que alma. Pro público LGBTQIA+, Liza é um farol pioneiro, assim como sua mãe, das divas queer.


A vibe queer de Liza é o coração pulsante. Ícone gay por excelência, ela não só abraçou seus fãs LGBTQIA+ como virou espelho de suas lutas e celebrações. O filme mostra isso em clipes de shows onde Liza, com lantejoulas e voz rouca, conecta plateias queer a um sentimento de resistência e glamour. Klein capta a energia dos anos 70, mas não aprofunda o contexto cultural que fez dela um símbolo.


A montagem é um espetáculo à parte, costurando apresentações ao vivo, bastidores e fotos raras com um ritmo que grita showbiz. É como se Klein quisesse que você sentisse Liza no palco, suando e brilhando sob a direção de Bob Fosse. Mas a narrativa patina ao evitar os demônios da diva — vícios, casamentos turbulentos, a sombra de Hollywood. Em vez de um retrato cru, temos um mosaico que celebra sem questionar.


O filme brilha mais quando foca na resiliência de Liza. Os principais depoimentos são os dela mesma, o que é uma merecida homenagem em vida, e se Liza (with Z) diz que “Não se usava drogas na Studio 54”, tudo bem, porque é Liza Minnelli. Sua conexão com o público queer vem dessa teimosia em existir, em ser vista, mesmo quando o mundo tentava apagá-la. Mas Klein parece intimidado pelo mito, optando por uma narrativa que exalta sem incomodar.


A estética de glamour musical, prestando tributo a “Cabaret” entre outros de seus grandes momentos, salva! Dos figurinos do amigo Halston aos closes dramáticos, o filme abraça o exagero que define Minnelli. É um deleite visual, mas não compensa a falta de profundidade.


No fim, “Liza: A Truly Terrific Absolutely True Story” é uma carta de amor à diva, mas escrita com caneta falhando. Liza Minnelli, com sua voz que quebra corações e olhos que contam mil histórias, merecia um documentário tão corajoso quanto ela. Ainda assim, pro gay old school, é impossível não se emocionar vendo a própria Liza reinar, mesmo que o filme prefira aplaudir a coroar suas verdades mais duras.


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