sexta-feira, 16 de maio de 2025

Muito Esforçado (Overcompensating, EUA, 2025)


"
Overcompensating", série da Prime Video, é a carta de amor de Benito Skinner à autodescoberta queer, embrulhada em hinos pop e humor escrachado. Coproduzida pela A24, a série de oito episódios segue Benny (Skinner), um ex-jogador de futebol americano que se esforça em mostrar sua masculinidade pra esconder sua sexualidade na faculdade. Cada episódio, batizado com um hit – de “Lucky” (Britney Spears) a “Crown on the Ground” (Sleigh Bells) – é uma montanha-russa de risadas, palavrões e críticas mordazes às fraternidades, como a fictícia Carne e Ouro, com seus trotes abusivos. Pense em "American Pie" com uma lente diversa, onde o caos universitário encontra momentos de verdade nua e crua.

Benny é o coração da série, um protagonista que fala com um pôster de Megan Fox e transmite insegurança enquanto tenta se encaixar. Sua jornada de sair do armário, mais sobre identidade do que romance, é elevada pela química explosiva com Carmen (Wally Baram), a amiga que vira sua “fada viada” em um momento mágico. Baram rouba a cena com tiradas afiadas, enquanto Grace (Mary Beth Barone), Peter (Adam DiMarco) e a histérica Hailee (Hope) trazem arcos que adicionam camadas ao grupo. O interesse romântico Miles (Rish Shah) aquece a tela mas não incendeia, é a amizade de Benny e Carmen que faz o espectador se apaixonar. A direção, com Jonah Hill na produção, equilibra piadas absurdas com pausas que deixam a vulnerabilidade de Benny respirar.

A trilha sonora é uma playlist de Pride: Lady Gaga, Charli XCX, Britney Spears, Lorde, Nicki Minaj,JUSTICE, Sky Ferreira embalam a narrativa. Charli XCX, aliás, entrega uma participação divônica no episódio 4, “Boom Clap”, que é puro êxtase pop. A estética vibrante, com cores saturadas e uma fotografia que captura a bagunça da vida universitária, amplifica o tom jovem e rebelde. A série critica sutilmente as fraternidades, expondo rituais tóxicos sem perder o humor.


As participações especiais são um show à parte. Jason Van Der Beek, como um chefe de fraternidade preso em sua glória de Dawson’s Creek, cheirando cocaína, é nostalgia pura, mas com deboche. Bowen Yang e Luke Cage (um personagem-chave) injetam humor afiado e mais queerness, enquanto Connie Britton e Kyle MacLachlan, como os pais de Benny, trazem peso emocional. A série brilha ao mostrar a carga de viver no armário, especialmente no mundo acadêmico, com cenas que vão do ridículo ao comovente. A química entre Skinner e Baram transforma diálogos cheios de palavrões em poesia queer, com Carmen como a âncora que guia Benny ao amor-próprio.

O humor, com uma pegada "Porky’s" repaginada, acerta ao abraçar a diversidade sem forçar a barra. Momentos como Hailee entregando histeria feminina ou Carmen sendo a fada viada de Benny, com piadas sobre chuca, são ouro puro, misturando absurdo e coração. A série celebra a comunidade LGBTQ+, dentro do nicho universitário e ainda assim não é clichê. O final é completamente aberto, deixando um gostinho de “cadê a segunda temporada?”. A atração é sobre rir do caos de se encontrar, e faz isso com uma energia contagiante que ressoa com qualquer um que já quis ser livre.

Benito Skinner prova ser um talento bruto, entregando uma performance que vai do cômico ao vulnerável com facilidade. "Overcompensating" é uma atração gostosa de assistir, que mistura hinos pop, representatividade e uma crítica esperta às dinâmicas universitárias tóxicas. Pra quem ama uma série bem gay, que já é uma playlist clássica e com um elenco que brilha. Que venha a próxima temporada pra Benny continuar reinando nas terras da autodescoberta!



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