“O Banquete de Casamento”, dirigido por Andrew Ahn, reimagina o clássico de Ang Lee de 1993, uma obra seminal por sua abordagem sensível às questões queer e familiares. Ahn, que brilhou ao adaptar “Orgulho e Preconceito” em “Fire Island” (2022), atualiza a narrativa para o século XXI, explorando amor, aceitação e as famílias escolhidas. A trama segue um casal gay que encena um casamento falso para atender pressões familiares, evoluindo de comédia leve para um drama emocional. A direção de Ahn é calorosa e introspectiva, equilibrando humor e vulnerabilidade.
No cerne de “O Banquete de Casamento” pulsa a dinâmica eletrizante do quarteto formado por Min-ho (Bowen Yang), Ji-soo (Lily Gladstone), Eun-ji (Kelly Marie Tran) e Tae-hyun (Han Ghi-Chan), que transformam um casamento falso numa celebração de amor e lealdade. Min-ho, um coreano-americano gay, e Ji-soo, sua melhor amiga com segredos próprios, orquestram a farsa pra aplacar a família, enquanto Eun-ji, a noiva de fachada, traz humor vibrante, e Tae-hyun, o parceiro de Min-ho, injeta ternura. Suas interações, recheadas de risadas e confissões, constroem uma família escolhida que rouba a cena. A cereja do bolo é a avó, vivida pela lendária Youn Yuh-jung (Minari), cuja presença afiada e carinhosa ancora as tradições coreanas com um brilho inesquecível, elevando cada momento familiar a pura emoção.
Visualmente, o filme é um arco-íris, com uma paleta de cores quentes e cinematografia intimista. Closes capturam emoções cruas, e a direção de arte evoca um cenário contemporâneo com toques festivos. A trilha sonora, eficaz nos momentos dramáticos, soa genérica nas cenas leves. O ritmo, por vezes, se arrasta em diálogos introspectivos, mas a estética compensa, criando uma experiência imersiva que reflete a energia de um casamento.
Ahn, como cineasta asiático-americano, aborda identidade queer, cultura coreana e imigração com sensibilidade única. Diferente do original, que tratava de tensões de outra era, esta versão explora expectativas familiares em um mundo progressista, mas ainda complexo. A narrativa mergulha nos conflitos de aceitação com honestidade, embora a modernização possa diluir a especificidade do original. Ainda assim, a universalidade da história ressoa, ancorada pela direção empática de Ahn.
O filme não é perfeito: subtramas secundárias ficam subdesenvolvidas, e o humor, às vezes, parece forçado, preso entre comédia escrachada e drama. Mesmo assim, a ternura de Ahn transforma momentos previsíveis em cenas tocantes, graças à química do elenco. Yang, Gladstone, Tran e Gi-Chan elevam cada quadro, tornando as falhas menores diante do impacto emocional.
“O Banquete de Casamento” celebra o amor em suas formas — romântico, familiar, escolhido. Não supera o impacto cultural do original, mas brilha como obra autônoma, ressoando com o público atual. Com um elenco estelar e a direção empática de Ahn, é uma adição valiosa às comédias românticas queer, um brinde às conexões humanas.
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