“The Beast of Walton St.", de Dusty Austen, é um terror indie que combina elementos clássicos de lobisomem com uma narrativa socialmente consciente. Ambientado em uma cidade de Ohio, o filme acompanha Constance (Athena Murzda) e Sketch (Mia Jones), duas mulheres sem-teto que enfrentam uma criatura sobrenatural que caça os desabrigados. Austen, que também escreveu o roteiro, entrega uma obra que transcende o horror puro, usando o monstro como uma metáfora para a marginalização e o abandono social, especialmente de comunidades vulneráveis como a LGBTQIA+. A escolha de centrar a história em personagens raramente vistos como protagonistas é uma das maiores potências do filme.
As atuações de Murzda e Jones pulsam na produção. A química entre elas é autêntica, construindo um vínculo de irmandade que ecoa filmes como “Ginger Snaps”. Seus diálogos, muitas vezes improvisados, trazem uma naturalidade que compensa os momentos em que o roteiro escorrega em exposições desnecessárias. A dinâmica entre Constance, mais pragmática, e Sketch, impulsiva e carismática, dá profundidade emocional à trama, tornando o público investido em sua sobrevivência.
Visualmente, “The Beast of Walton St.” impressiona dentro de seu baixo orçamento. Os efeitos práticos do lobisomem, inspirados em clássicos como “An American Werewolf in London", são surpreendentemente bem-executados, com transformações sangrentas que capturam a essência do subgênero.
A trilha sonora, composta por artistas independentes, complementa a estética crua do filme, com faixas que misturam rock alternativo e sons ambientes para criar uma atmosfera inquietante. Austen faz escolhas ousadas ao integrar músicas que refletem a subcultura punk das protagonistas, reforçando a identidade marginal de Constance e Sketch.
Onde “The Beast of Walton St.” realmente acerta é na sua mensagem social. Ao colocar pessoas sem-teto no centro da narrativa, Austen expõe a indiferença da sociedade e as falhas sistêmicas que perpetuam a exclusão. O lobisomem, embora assustador, é quase secundário diante da verdadeira ameaça: a negligência humana. Essa abordagem torna o filme não apenas um exercício de terror, mas também um comentário sobre empatia e resistência.
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