Pee-wee as Himself, de Matt Wolf, um documentário em duas partes da HBO estreado em Sundance 2025, é um mergulho vibrante, porém melancólico, na vida de Paul Reubens, o gênio por trás de Pee-wee Herman. Usando 40 horas de entrevistas cruas e um rico arquivo pessoal, Wolf traça um retrato de um homem que era tanto um ícone cultural quanto um enigma privado. Da infância no interior de Nova York à criação do excêntrico Pee-wee, de gravata vermelha, o filme acompanha sua ascensão com Pee-wee’s Big Adventure e Pee-wee’s Playhouse, capturando sua habilidade de misturar um encanto infantil com humor subversivo. No entanto, é a tensão entre Reubens e Wolf — evidente na relutância de Reubens em ceder o controle da narrativa — que dá ao filme seu pulso, enquanto ele lida com o quanto revelar de si, já sabendo de seu câncer mas sem revelar aos cineastas.
O documentário não foge das complexidades de Reubens, especialmente sua vida como homem gay que, por grande parte da carreira, permaneceu no armário para proteger sua fama. Essa escolha é ilustrada de forma comovente por sua decisão de terminar um relacionamento significativo para manter sua persona pública. O filme aborda o incidente de 1991, quando Reubens foi preso por atentado ao pudor em um cinema pornográfico, um escândalo que descarrilou sua carreira e o rotulou, apesar de suas negativas.
O que torna Pee-wee as Himself especialmente ressonante para o público queer é a celebração de Pee-wee’s Playhouse como um refúgio de alegria extravagante. O programa era um caleidoscópio de cores e camp, com participações de estrelas como Cher, Grace Jones e Little Richard, cujas personas grandiosas exalavam uma queerness que falava diretamente a qualquer criança que se sentisse diferente. Para jovens queer, o Playhouse era um espaço seguro, um mundo onde a excentricidade reinava e todos eram convidados para a festa.
A força do filme está em seu material bruto: as reflexões sinceras e muitas vezes espirituosas de Reubens, combinadas com vídeos caseiros e imagens de bastidores, criam um mosaico íntimo de sua vida. A decisão de Wolf de incluir perspectivas de amigos e colaboradores adiciona textura, mas às vezes dilui o foco em Reubens. A ausência de uma resolução definitiva, especialmente após a morte do artista em 2023, deixa o filme com um tom mais melancólico do que inspirador.
Apesar dessas falhas, Pee-wee as Himself é um tributo fascinante a um homem que transformou suas peculiaridades em arte. O filme captura a genialidade de Reubens ao criar um personagem que era ao mesmo tempo universalmente amado e profundamente pessoal, uma figura que fez uma geração de outsiders se sentir vista. O documentário não desvenda completamente o enigma de Paul Reubens, mas não precisa — seu legado, da exuberância extravagante do Playhouse à sua resiliência silenciosa, fala por si. Para fãs e novos públicos, é um lembrete agridoce de como o mundo de Pee-wee convidou todos a abraçar seu lado esquisito, mesmo que o próprio Reubens tenha lutado para fazer o mesmo.
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