sexta-feira, 9 de maio de 2025

Noivo à Indiana (A Nice Indian Boy, EUA, 2024)

“A Nice Indian Boy”, de Roshan Sethi, é uma comédia romântica que traz frescor ao gênero ao centralizar uma narrativa queer e sul-asiática, sem perder o charme e a familiaridade das convenções clássicas do rom-com. Adaptado da peça de Madhuri Shekar, o filme segue Naveen (Karan Soni), um médico indiano-americano gay, e seu noivo Jay (Jonathan Groff), um fotógrafo branco criado por pais adotivos indianos, enquanto navegam pela aceitação familiar e planejam um casamento indiano dos sonhos. A autenticidade de Sethi, que imprime suas próprias experiências como homem queer sul-asiático, traz humanidade para a obra.

O roteiro, escrito por Eric Randall, brilha ao explorar as tensões culturais e geracionais com sutileza. Naveen, já assumido, enfrenta o desafio de integrar Jay à sua tradicional família indiana, composta por pais que oscilam entre apoio desajeitado e resistência (interpretados com carisma por Zarna Garg e Harish Patel). A escolha de não fazer do filme uma história de "sair do armário" é refrescante, permitindo que o foco recaia sobre a complexidade de ser "praticamente gay" dentro de um contexto familiar que valoriza tradições. A dinâmica entre Naveen e Jay é enriquecida pelo fato de Jay, apesar de branco, ser profundamente conectado à cultura indiana, o que gera momentos de humor e reflexão sobre identidade e pertencimento.

A representação cultural é um dos maiores trunfos do filme. Sethi, com sua experiência como médico e cineasta, tece elementos da cultura indiana – como rituais de casamento, referências a Bollywood e a dinâmica familiar sul-asiática – de forma autêntica e acessível. O filme evita estereótipos ao retratar os pais de Naveen como figuras complexas, com seus próprios arcos de crescimento, em vez de meros obstáculos ou alívios cômicos. A irmã de Naveen, Arundhati (Sunita Mani), também adiciona camadas à narrativa, com seu casamento em crise servindo como contraponto às escolhas de Naveen.

Do ponto de vista técnico, “A Nice Indian Boy” entrega o que promete: uma estética vibrante que evoca o colorido dos casamentos indianos, com uma trilha sonora de Raashi Kulkarni que reforça o tom festivo e emocional. A direção de Sethi é segura, embora não arrisque muito, mantendo-se fiel à estrutura clássica de comédia romântica – do encontro fofo em um templo hindu à separação temporária no segundo ato e ao clímax dançante.

“A Nice Indian Boy” é muito bem-vindo ao cânone das comédias românticas, oferecendo uma perspectiva queer e sul-asiática que raramente vemos no cinema americano mainstream. Embora não reinvente o gênero, sua força está na especificidade cultural e na empatia com que trata seus personagens, do casal central aos pais em evolução. O filme é um convite a celebrar o amor, a família e a complexidade de ser quem se é, em qualquer cultura.

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