quinta-feira, 8 de maio de 2025

Karol G: Mañana Fue Muy Bonito (Colômbia, 2025)


“Mañana Fue Muy Bonito”, de Cristina Costantini, é um documentário vibrante que traça a ascensão de Karol G, de uma jovem de raízes humildes em Medellín a ícone global do pop latino. A narrativa, centrada na turnê Mañana Será Bonito (2023-2024), captura a essência da determinação de Karol, mostrando como ela desafiou as barreiras de gênero e as expectativas da indústria do reggaeton. A escolha de focar exclusivamente na voz da cantora, sem outros depoimentos, confere uma autenticidade crua, permitindo que o público mergulhe em sua perspectiva única. A direção de Costantini, conhecida por "Ligue Djá! O Lendário Walter Mercado(2020)", equilibra habilmente os momentos de espetáculo com reflexões íntimas.

Um dos pontos altos do documentário é a ênfase no papel do pai de Karol, um pilar constante em sua trajetória. Ele a apresentou ao filme "Selena", que moldou sua visão artística, e a apoiou em iniciativas como uma versão infantil do X Factor e turnês precoces pelo país. A cena em que Karol interpreta “Como la Flor”, em um tributo à Selena Quintanilla, é de uma beleza comovente, não apenas pela performance, mas pelo peso emocional que carrega.

A ausência de vozes externas, embora arriscada, é uma escolha que amplifica a vulnerabilidade de Karol. Ela revela episódios dolorosos, como o assédio sofrido aos 16 anos por um empresário em Bogotá, uma experiência que quase a fez abandonar a música. Essa franqueza, compartilhada pela primeira vez até com os pais, humaniza a estrela, mostrando que sua resiliência foi forjada em meio a traumas.


A participação ativa de Karol no processo criativo é outro destaque. O filme mostra sua ousadia ao insistir no lançamento de “Bichota”, mesmo contra resistências de sua equipe, uma decisão que a consagrou e lhe rendeu o apelido que define sua persona. As cenas de bastidores revelam uma artista meticulosa, envolvida em cada detalhe, desde a produção musical até a cenografia. Essa dedicação, combinada com sua conexão visceral com os fãs, é capturada em sequências de shows eletrizantes, repletas de sabor latino. A energia das performances, com coreografias vibrantes e interação com o público, reflete o impacto cultural de Karol, especialmente entre as comunidades latinas nos EUA.

O sucesso de Karol nos Estados Unidos, onde ela quebrou recordes como a primeira mulher latina a liderar uma turnê de estádios, é apresentado com orgulho, mas sem triunfalismo. O documentário destaca a relevância de sua conquista em um mercado historicamente dominado por homens, sublinhando sua influência como modelo para futuras gerações de latinas.

Mañana Fue Muy Bonito” revela uma Karol G íntima, que equilibra a pressão da fama com uma autenticidade desarmante. A reflexão final sobre seu merecido sucesso é poderosa, pois não apenas celebra suas conquistas, mas também inspira o público a perseguir sonhos aparentemente impossíveis. Costantini entrega uma obra que é tanto um tributo à resiliência de Karol quanto uma carta de amor à cultura latina, reforçando que, como diz a cantora, “mañana fue bonito” porque ela acreditou em si mesma tornando-se uma voz essencial do nosso tempo.

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