terça-feira, 2 de março de 2021

Azul e não tão rosa(Azul y no tán rosa, Venezuela/Espanha, 2012)


Vencedor do Prêmio Goya de 2013, como melhor filme ibero-americano, Azul e não tão rosa, de Miguel Ferrari, utiliza de tons almodovarianos para tratar de temas como homossexualidade, paternidade, homofobia, transexualidade e violência doméstica.

Uma sequência de tango erótico e poderoso abre o longa, para logo nos apresentar os personagens principais: o fotógrafo Diego(Guillermo Garcia), seu marido Fabrizio(Sócrates Serrano), a trans Delírio del Rio(Hilda Abrahamz), uma artista de cabaré, casada com Perla Marina(Carolina Torres).

Quando o filho de Diego, Armando(Nacho Montes), precisa vir de Madri à Caracas os conflitos começam. Relutante em assimilar a orientação do pai, ele é rebelde. Até que um fato trágico aproxima pai e filho abrindo uma caixa de pandora de emoções.

Enquanto Delírio embala a boate ao som da canção Yo no soy una señora, da famosa cantora venezuelana Melissa, do lado de fora Fabrizio está sendo espancado, sofrendo um brutal ataque homofóbico, o que o deixa em coma. Os momentos entre Diego e o marido no hospital são muito bonitos, mas Fabrizio, infelizmente falece.



Com boas doses de melodrama, o filme consegue tratar de várias questões e subtramas sem perder o foco. Diego encontra no filho e nos amigos uma certa forma de estabilidade emocional, mesmo que não descanse até culpar o responsável pela morte do marido.

Lembrando mais ainda o universo de Almodóvar, há uma apresentadora de TV, Estrellita(Beatriz Valdes), que em seu programa, no melhor estilo Casos de Família, abre espaço para discussões acaloradas, como casamento gay.

Sucesso absoluto na Venezuela, um país ainda tão machista, o longa destaca a performance da artista trans Hilda Abrahamz, como Delírio, responsável por maior parte do alívio cômico. Ela é desbocada, perspicaz e afrontosa.

Cheio de momentos poéticos, como as dublagens de Delírio, ou uma cantora lírica no Teatro e ainda os ensaios fotográficos de Diego, o filme dá voz às minorias e defende a pluralidade e o empoderamento LGBTQIA+ , em uma trama carregada de elementos que vão contra o conservadorismo, o machismo e a homofobia.


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