Cantora. Ícone LGBTQIA+. Lenda da MPB. Mãe do Chicão. Cássia Eller foi um vulcão que entrou em erupção muito cedo, mas deixou um legado incrível como narra o documentário de Paulo Henrique Fontenelle. O diretor vai fundo ao desconstruir o estereótipo criado pela mídia por trás da figura da cantora.
A abordagem do filme, não tem a preocupação de esconder o uso de drogas ou os casos extraconjugais de Cássia Eller, mostrando uma mulher, acima de tudo, humana e dona de um talento único. Enquanto sua vida privada é dissecada no relacionamento com Eugênia, a ascensão como cantora da MPB é mostrada desde o primeiro álbum homônimo de 1990, ao seu ápice entoando Smells like teen spirit, no Rock'n Rio.
Revelando verdades e um lado sensível, muito diferente da explosão nos palcos, o filme é construído em cima de registros de shows, vídeos caseiros e entrevistas, de Nando Reis, a viúva Eugênia, Zélia Duncan, Oswaldo Montenegro, Lan Lan, entre outros. Sonoramente, o longa nos oferece uma experiência única de acompanhar o desenvolvimento de Cássia como artista, além de ouvir cartas suas, narradas pela atriz Malu Mader.
Quando Cássia Eller trouxe representatividade ao gritar no palco sua homossexualidade gerando debates sociais, ao ter um um filho e quebrando paradigmas impostos, ela inspirou com certeza muitas outras mulheres, que na época se espelhavam em seu visual e atitude.
Do começo cantando em pequenos bares, à explosão de Malandragem nas rádios, o processo de Com Você... Meu mundo ficaria completo ao sucesso do Acústico MTV. Toda a arte que deixou através de sua música é revisitada no documentário, Cássia, necessário para qualquer adorador de MPB.
Mesmo após sua morte precoce, em 2001, no auge da carreira, a luta de Cássia continuou. Já que Eugênia, sua companheira, teve que travar uma batalha na justiça contra o pai da cantora para ficar com a guarda de Chicão. Ela ganhou, fazendo história para o direito dos homossexuais no Brasil. Viva Cássia Eller!
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