Flertando com a ficção científica, o diretor em momento algum deixa de lado seus elementos característicos: o desejo, o amor, e o destino. A diferença é que aqui, pela primeira vez, o casal protagonista é heterossexual, deixando o homoerotismo em segundo plano, com os personagens de Julian Infantino e Justo Calabria.
Em uma das realidades, Romina é abandonada pela mãe e criada por uma família que a encontra na rua, ali cresce com o irmão Germán, que apesar de ter um vínculo divide uma grande tensão sexual, recurso comum na obra do diretor.
Na outra história Romina namora o melhor amigo de Germán e ele namora a melhor amiga dela. Novamente se dará um jogo entre eles, porém desta vez mais inocente, quase saído de um romance teen, eles são homem e mulher que relutam em assumir seus sentimentos.
Sem dúvida é um dos filmes mais complexos da obra de Berger, através de ângulos e truques de câmera que alternam de um enredo para o outro, ele usa de muita inteligência para concretizar seu roteiro.
A homossexualidade se faz presente, porém não é o enfoque do diretor que já provou que consegue ir de thriller à comédias de situação. Mesmo assim as silhuetas, os volumes, os corpos delineados de seus protagonistas seguem em evidência.
Os temas que marcaram sua filmografia estão todos aqui: a repressão, o desejo, a identidade sexual, a busca do verdadeiro amor. Busca essa que será o motor que moverá cada um dos personagens.
Em sua bela estética, na complexidade da narrativa e no grande trabalho dos protagonistas, para diferenciar uma versão da outra, é onde reside o encanto de Mariposa, principalmente por se tratar de uma proposta diferente, criativa e que exige a completa atenção por parte do espectador.
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