quarta-feira, 24 de março de 2021

Febre do Rato(Brasil, 2011)


Sexo, anarquia e poesia! Evocando Chico Science e o movimento mangue beat, Claudio Assis, de Amarelo Manga, mostra uma Recife em desarranjo, fotografada em preto e branco, por Walter Carvalho, e que dá voz aos marginalizados, como é de costume em sua obra.

Através da nudez dos personagens, percebemos que Febre do Rato parte do sexo para estabelecer sua narrativa. Com roteiro de Hilton Lacerda, de Tatuagem, o longa propõe um olhar periférico, porém fascinante das grandes metrópoles brasileiras.

Irandhir Santos é o poeta Zizo, que escreve para um jornal manifesto chamado “Febre do Rato” e quando não está discursando, está transando num tonel com sua vizinha mais velha. Tudo muda quando ele conhece Eneida(Nanda Costa), uma jovem cheia de ideais, porém desinteressada no artista.

A fluidez da sexualidade dos personagens transita por toda a obra, Boca Mole, vivido por Juliano Cazarré, expõe sua nudez sem pudor, enquanto participa de surubas e menáges. Já Paizinho, Matheus Nachtergaele, colaborador recorrente do diretor, está casado como uma trans, mas vive um dilema relacionado à essa questão.

As relações “subversivas” que o filme propõe são provocativas e podem até incomodar a um público mais conservador, no entanto são fundamentais para transmitir a mensagem que o diretor quer passar.

Diante de barracos, botecos, a praia ou o rio o filme vai atingindo seu clímax.  O corpo dividido pelas cópias do Xerox, a brutalidade das metrópoles, os instintos humanos, são símbolos que o diretor usa para promover uma reflexão contemporânea, política e periférica, fazendo de seu Recife, o retrato de um país.


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