Baseado em fatos reais, ocorridos nos anos 1960, narrados no livro de Ricardo Piglia, Plata Quemada do diretor argentino Marcelo Piñeyro, de Cinzas do Paraíso e Kamchatka, narra o arrebatador romance entre Angel, Eduardo Noriega de Abre los Ojos, e Nene, Leonardo Sbaraglia, que anos depois beijaria Antonio Banderas, em Dor e Glória, de Pedro Almodóvar.
Após se conhecerem fazendo pegação em um banheiro público, os delinquentes Nene e Angel se tornam inseparáveis, e ficam conhecidos no crime como Os Gêmeos. Com a quadrilha formada, o próximo passo é realizar um grande assalto e roubar 7 milhões de pesos.
Conduzidos pelo Corvo, o lindo Pablo Echarri, o motorista junkie e ninfomaníaco, Nene e Angel realizam o assalto. Porém tudo dá errado com dois policiais baleados, Angel também, mas com a maleta cheia de dinheiro em mãos.
Estampados em todos os jornais, eles se tornam os criminosos mais procurados da Argentina. A partir de então o psicodrama se desenvolve quando os ladrões fogem para o Uruguai, onde passam grande parte do filme esperando o inevitável final catártico. Com um roteiro sublime, que exalta o sexo e a marginalidade, o filme tem ainda participação do veterano Héctor Altério.
“O Leite é Santo”, diz Angel, que sempre ouviu vozes em sua cabeça, e evita o sexo para não desperdiçar desse néctar masculino. Nene, então, começa a frequentar, bares, cinemas pornô, mas é quando conhece Giselle(Letícia Brédice), em um parque de diversões, que desequilibra ainda mais o parceiro.
Como uma versão latina e gay de Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino, Plata Quemada, capricha na trilha sonora. Há cumbia, tango, rockabilly, uma cena lindíssima ao som de Billie Holiday, além de Rita Pavone, The Troggs, The Trashmen, Brenda Lee, Chico Novarro, vários clássicos do pop argentino da década de 1960, e a cantora Adriana Varela, que aparece cantando num cabaré.
As paixões de Plata Quemada são tão ousadas quanto as imagens: o encontro sexual de Nene no banheiro masculino é intercalado com a visita de Angel a uma igreja; mais tarde, o ato de amor de Nene e Giselle alterna com Angel se picando. O desejo destrutivo que une Angel e Nene e a centelha carnal que surge com Giselle, são o palco para um poderoso cenário de devastação.
Ganhador do Goya de melhor filme Íbero-Americano, o longa brilha com uma energia desesperadora e intensamente erótica. Seu romantismo temperamental tem um toque curiosamente estilizado, que exala testosterona e grita: “OBRA PRIMA!”.
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