quinta-feira, 18 de março de 2021

Wigstock: The Movie(EUA, 1995)


Wigstock, o Woodstock da Peruca, foi um festival anual que, idealizado pela drag queen Lady Bunny, marcou o East Village, em Nova York, nos anos 1980 e 1990, atraindo todo o tipo de público e difundindo a arte Drag, na Big Apple.

O documentário, Wigstock: The Movie, de Barry Shills, nos mostra os bastidores do evento, no ano de 1994, como uma grande celebração LGBTQIA+ e à arte Drag, que àquelas alturas estava em total expansão na cultura POP, inspirando filmes como Priscilla, a Rainha do Deserto e Para Wong Foo! Obrigada por tudo; Julie Newmar.

Verdadeiras precursoras, as transformistas da época faziam números monumentais. O filme começa ao som de uma performance de Age of Aquarius, e a partir de então, só vai numa crescente, valorizando o talento de artistas como Tabboo, Formika, Floyd, Lipsynca e Candys Cayne, entre muitas outras.

Quando RuPaul adentra o palco como a ‘supermodel of the world’ a plateia delira com seus ‘Sashay’ e ‘Shantay’. A lendária drag presenteia o público com uma performance de suas músicas, solta os seus já conhecidos bordões ‘Can I Get an Amen’ e ‘Everybody say love’, e também dá seu depoimento sobre a cena drag e o festival.

No que diz respeito às performances é bem interessante como na época o show tinha um caráter muito mais artístico e burlesco do que os escapates e piruetas de hoje. Entre o repertório das estrelas do Wigstock, estão Yma Sumac, Billie Holliday e Erasure, além de interpretações das próprias drags.

E nem só de artistas underground vive o festival, a edição de 1994 contou ainda com as participações de cantoras e grupos do mainstream, como Crystal Waters, Dee Lite, Jackie Beat e Debbie Harry, vocalista do Blondie, que contribuíram para que essa arte se expandisse para um público até então inédito. Alexis Arquette, na época ainda um menino também aparece.

Nos bastidores da produção nem só de perucas se fala. Há discussões sobre transexualidade, hormonização, AIDS e homofobia. Um número de John Kelly sobre ser queer sintetiza muito bem todo esse debate.

O recente documentário WIG da HBO, conta um pouco mais sobre a história do icônico festival que marcou uma geração e seu atual revival, em 2018. Numa era pré RuPaul’s Drag Race, expressar essa forma de arte não era tão bem visto e o filme nos propõe essa viagem no tempo, para exaltar o empoderamento queer e a arte drag como um ato político.


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