Representante da República Tcheca no Oscar, porém não indicado, O Charlatão da cineasta Agnieszka Holland, conta a história real do curandeiro e herbalista Jan Mikolásek(Ivan Trojan), conhecido em Praga como o ‘oráculo da urina’ por receitar e curar milhares de pessoas através de suas plantas medicinais, com o diagnóstico baseado numa análise detalhada da urina.
Assessorado por Frantisek Palko (Juraj Loj), o curandeiro vive numa mansão, é filantropo e segue realizando seus tratamentos, enquanto a imprensa o acusa de charlatão. O falecimento do presidente do país que o protegia, seguido pela morte de dois homens, supostamente por prescrições do herbalista, o levam à prisão, junto do assistente, onde podem ser sentenciados à morte.
Passado e presente se misturam para mostrar o jovem Mikólasek(Josef Trojan) aprendendo a exercer o seu futuro ofício. Também para explicar o início do romance entre ele e Frantiesk, esclarecendo depois de muita sutileza, sua homossexualidade.
A narrativa de O Charlatão, o lado obscuro de seus personagens, um homem preso por curar pessoas, são elementos que podem causar estranheza ao público, não acostumado com esse tipo de linguagem cinematográfica, porém tudo muda quando o longa começa a falar num idioma universal: o amor.
Além de tudo há o contexto político que se vivia, metade dos anos 1950, num período pós-guerra, a qual Mikólasek vivenciou, curando inclusive alguns nazistas. Uma época extremamente totalitária e que fazia questão de criminalizar a homossexualidade.
Apesar de uma certa lentidão, não espere por grandes reviravoltas, o filme prende até o final, seja acompanhando a agonia do homem injustamente preso ou admirando seu romance com o belo Frantiesk. Sincero e profundo, o longa propõe uma nova perspectiva à narrativa queer.
O roteiro, de Marek Epstein, é cirúrgico ao revelar lentamente aspectos da personalidade desse homem, uma verdadeira personalidade na República Tcheca, enquanto sinaliza o interesse em denunciar a opressão do governo comunista sobre qualquer um que estivesse em desconformidade com seus padrões.
"Sincero e profundo ..."
ResponderExcluirIsso mesmo que eu senti nesse filme, diferente, por isso que achei tão interessante