Antes de realizar o ousado Vento Seco, o diretor goiano, Daniel Nolasco, dirigiu Mr. Leather onde adentra a fundo no mundo do fetiche para mostrar os bastidores do concurso Mr. Leather 2018, o segundo realizado no país.
O documentário começa de forma bem humorada apresentando Sr. D, precursor da cena Leather no Brasil. O homem é interpretado por um ator, que segundo o narrador é parente de alguém da produção e está ali por ser gostoso. Quando se muda para São Paulo, o fetichista inicia a cena no Brasil, realizando festas na lendária boate Eagle, em São Paulo.
Utilizando de uma linguagem mais lúdica do que jornalística, o diretor nos apresenta os quatro concorrentes do concurso: Dom PC, Deh Leather, Kake e Maoriguy. Os candidatos disputam pelo posto ocupado por Dom Barbudo, que representou o Brasil no concurso, em Chicago.
Desvendando os códigos por trás da cultura Leather e BDSM, os entrevistados falam com muita propriedade sobre a prática do fetiche e suas inspirações como O Selvagem da Motocicleta, Juventude Transviada e o cartunista homoerótico Tom of Finland, também responsável por boa parte das cenas provocativas que são encenadas.
A moda com poderosas jaquetas de couro, botas, jockstraps, máscaras, quepes e o harness, símbolo da cultura Leather, é apresentada com orgulho pelos concorrentes ao Mr. Leather, que tem uma história para cada uma das peças de seu guarda-roupas. Os trajes também servem para distinguir sua personalidades, completamente diferentes.
Há ainda uma cena onde podemos presenciar uma sessão de BDSM conduzida pela Dom Barbudo. Sexy e claustrofóbica, a sequência é de tirar o fôlego. De repente entramos em um sonho de domínio e submissão que nos leva a um pup play, pelas ruas de São Paulo.
Um dos entrevistados do filme é o estilista Heitor Werneck, que como um dos jurados do concurso e praticante da cena, aconselha os candidatos sobre como se portar e o que é mais relevante para carregar o título de Mr. Leather.
Instigante, o longa culmina num famigerado desfile de jockstraps e no anúncio do ganhador do concurso. Mr Leather é um triunfo, por apresentar uma tribo desconhecida, até no meio gay, e mostrar que para a iconografia do couro se difundir no Brasil, é necessário mais integração e menos carão.
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