sexta-feira, 5 de março de 2021

Otto; ou Viva Gente Morta(Otto; or, Up With Dead People, Alemanha/Canadá, 2008)


Em Otto; ou viva gente morta, o polêmico realizador canadense Bruce la Bruce, usa os zumbis como uma moldura para a homossexualidade. O longa conta a história de Otto (Jey Crisfar), um zumbi homossexual que ressuscita dos mortos, vaga por Berlim, come animais e atrai garotos.

Sexo, vísceras e carnificina chamam a atenção da cineasta sociopolítica lésbica, Medea Yarn (Katharina Klewinghaus), que, vendo algo especial sobre Otto, quer que ele estrele seu novo filme intitulado "Up With Dead People". Ela o coloca para morar com Adolf(Guido Sommer), onde ele encontra alguma espécie de afeto.

Medea vê uma correlação direta entre a reação da sociedade aos homossexuais e zumbis. Na realidade, e sem o conhecimento de Medeia, Otto é um zumbi em um mundo que pensa que ele está fingindo ser um zumbi.

Otto passa a maior parte do filme tentando juntar suas memórias e descobrir o que aconteceu com seu namorado anterior, de quem tem flashbacks, enquanto Medeia e outros o usam para encaminhar seus próprios planos e desejos. Otto também conhece alguns homens ao longo do caminho e, literalmente, os separa em algumas cenas gráficas em que comer entranhas é uma forma de preliminares. Há também outra cena pesada, em que um homem penetra uma ferida no estômago de outro.

O filme é uma completa ruptura de tudo o que já se viu em filmes de zumbis, desde George Romero, embora Bruce la Bruce use o terror, muito mais para criticar do que para assustar. Há uma insistência em mostrar a carne num açougue, porque afinal tudo se trata de carne.

Preparando o terreno para o violento L.A. Zombie, com François Sagat, onde também usou a analogia dos zumbis, La Bruce realizou um filme inusitado, cheio de metáforas, críticas político-sociais, orgias escatológicas e um toque de romance insano.

Destaque para a trilha sonora. O filme é embalado por músicas contemporâneas de artistas como CocoRosie, The Homophones, Ernesto Tomasini e Antony and the Johnsons, que toca na cena mais bonita do filme. Porque sim, também há beleza em Otto; ou viva gente morta.



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