sábado, 20 de março de 2021

Grandes Mentiras(Mentiras y Gordas, Espanha, 2009)


O submundo das drogas já rendeu excelentes obras cinematográficas, como Trainspotting, Scarface, Requiem para um Sonho, Enter the Void e o brasileiro Paraísos Artificiais. Na Espanha, o diretor Eloy de la Iglesia, chocou nos anos 1980, com El Pico, onde mostrava explicitamente o uso e o vício em heroína.


É nesse universo de uma juventude desenfreada que o longa de Alfonso Albacete e David Menkes, que também escreveram o roteiro, acontece. O espiral de sexo e drogas ronda um grupo de jovens em um verão de uma praia da Espanha.
O então jovem Mario Casas, sensação do cinema ibérico e ganhador do Goya em 2021 por No Matarás, vive Toni um homossexual, de 19 anos, que está apaixonado pelo melhor amigo, Nico(Yon Gonzáles), que é hétero. Entre a atração pelo 'brother', raves, praia e ‘pastillas’ o personagem vive o dilema se começa ou não a vender ecstasy.

Muitas carreiras de cocaína são cheiradas por Carlos, Hugo Silva de Os Amantes Passageiros, ele namora com Paz(Mirian Giovanelli), e a deixa por ser gorda, acaba então tendo um caso com sua melhor amiga Carola, a atriz cubana Ana de Armas, do recente O Recepcionista, da Netflix e Blade Runner: 2049.


A tortuosa história de Toni, Carlos, Carola, Paz, Nico e outros tantos personagens é muito profunda. Cada papel tem sua subtrama muito bem desenvolvida e a empatia do público, com esse grupo de anti-heróis, é quase imediata. Ainda há Camella(Marieta Orozco), uma jovem que trafica para se manter, mas que vive traumatizada pelo amigo que foi preso.

Com a sexualidade e o desejo sendo expostos em quase seus 107 minutos, a presença do belo símbolo sexual Maxi Iglesias, traz ainda mais intensidade nas cenas de sexo, Grandes Mentiras é um filme provocativo que propõe uma reflexão sobre luxúria, juventude e dependência química.

A galeria de personagens é completada por Marina(Ana María Polvorosa), a amiga lésbica de Toni, que está saindo do armário e entrando numa relação com Leo(Duna Jové). Ao longo de todo o filme a história dos personagens vai alternando, mas se dirigem a um lugar em comum: a rave.

Com grandes momentos protagonizados pelo seu elenco, o filme não é nem de longe moralista, até porque foi feito para escandalizar e mostrar uma juventude que só quer dançar, se drogar e transar. Mesmo assim, atesta que o destino levado pela dependência química, uma doença incurável, progressiva e fatal, se não tratado, é quase sempre cruel.


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