terça-feira, 2 de setembro de 2025

Dear Viv (EUA, 2025)

Em "Dear Viv", a World of Wonder presta um tributo íntimo e comovente à vida e à arte de The Vivienne, primeira vencedora de “RuPaul’s Drag Race UK”. O documentário, dirigido por Pete Williams e produzido por Randy Barbato e Fenton Bailey, mergulha nas raízes galesas de James Lee Williams, revelando como esse garoto do norte do País de Gales se transformou em uma das drags mais carismáticas e completas de sua geração.

A obra se apoia em uma rica combinação de imagens de arquivo, registros inéditos e entrevistas com familiares, amigos e colegas de palco. Cassie, Lee e Chanel Williams, mãe, pai e irmã, oferecem depoimentos carregados de ternura, lembrando não apenas a estrela, mas a pessoa por trás da maquiagem e dos holofotes. É nesse espaço entre o íntimo e o público que "Dear Viv" encontra sua força: a lembrança de James como filho, irmão e amigo, tanto quanto como ícone drag.


O filme também dá voz à comunidade que cresceu ao lado de The Vivienne. Figuras do universo Drag Race como Baga Chipz, Michael Marouli, Danny Beard, Tia Kofi, Trinity the Tuck, Cheryl, Monét X Change e Raja compartilham memórias que alternam risadas e lágrimas, compondo um painel afetivo que reflete o impacto que Viv deixou no meio artístico. Não é apenas uma retrospectiva de carreira, mas uma celebração feita de vozes múltiplas que reconhecem nela um talento insubstituível.


Entre os destaques está o material nunca antes visto: registros da infância, da trajetória inicial nos palcos drag e momentos de bastidores em “Drag Race”. O documentário também não foge de temas delicados, como a luta de James contra o vício em ketamina, encarando de frente a fragilidade por trás do brilho. Essa honestidade dá ao filme um tom de reflexão, aproximando o público da realidade dura que convive com a exuberância da performance.


"Dear Viv" ecoa a estética já conhecida da WOW, mas sua força não está no estilo, e sim na narrativa afetiva que constrói. É uma obra que entende The Vivienne não apenas como estrela televisiva, mas como um fenômeno cultural que levou a drag britânica para novos patamares de visibilidade.


No fim, "Dear Viv" é menos um epitáfio e mais uma celebração. Mas a morte precoce da drag queen também se impõe como alerta para jovens que buscam diversão e acabam caindo no ciclo devastador da dependência química. Ainda assim, permanece a imagem de uma diva incomparável. God Save the Queen!


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