O segundo capítulo da série criada por Thiago Pimentel, Patrícia Corso e Leonardo Moreira, dirigido por Marcelo Gomes e Carol Minêm, confirma a força da produção: ritmo pulsante, coragem narrativa e uma recriação visual dos anos 80 que continua arrebatadora, entre granulados e sintetizadores que mergulham o espectador em um tempo de luz e sombra.
ALERTA DE SPOILER ⚠️ O episódio embarca rumo a Nova York, onde Nando (Johnny Massaro) pela primeira vez compra o AZT, tratamento agressivo e ainda incerto. O reencontro com a colega e melhor amiga Léa (Bruna Linzmeyer), que compartilha a missão de trazer o remédio ao Brasil, reforça o pacto entre os dois, e a ironia de chamarem-se de “Vida”. A música explode com "Ride on Time", do Black Box, traduzindo o embalo frenético e o desespero de correr contra o tempo.
Na Paradise, Raul (Ícaro Silva) arrasa como Suzy Lee, em performance arrebatadora de Total Eclipse of the Heart. O show, pura catarse, se cruza com sua relação com o delegado Santos (Sérgio Menezes), em uma sequência quente, onde prazer e advertência caminham lado a lado. Ébano e desejo, que explodem na tela (com camisinha!).
Entre tensões pessoais e coletivas, o episódio expande arcos com potência: Francesca (Kika Sena), mulher trans, ganha mais espaço e voz, enquanto Léa enfrenta o dilema de uma gravidez inesperada e o peso de contrabandear remédios que podem salvar vidas. O roteiro se equilibra entre intimidade e coletivo, sempre lembrando que cada corpo importa.
Há pistas para os próximos capítulos, possíveis novos infectados, dramas familiares e a urgência crescente pelo AZT, mas é no detalhe humano que “Canto de Oxóssi” ecoa: no medo de Nando de contaminar os que ama, no pedido de Raul para que a ajuda alcance a todos, e no reencontro dolorido com Caio, que rasga a tela com estigma e emoção.
Saravá! Oxóssi reina, e a Paradise segue sendo o palco iluminado da série. Se “Vida” foi apresentação arrebatadora, “Canto de Oxóssi” é devastação e resistência, lembrando que o amor, o desejo e a música foram armas tão poderosas quanto qualquer remédio.
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