“Griffin in Summer”, escrito e dirigido por Nicholas Colia, acompanha Griffin Nafly (Everett Blunck), um garoto de 14 anos que vive em um subúrbio comum, mas nutre ambições dramáticas como dramaturgo. Quando sua mãe, Helen (Melanie Lynskey), contrata Brad (Owen Teague), um homem de 25 anos para trabalhos domésticos, a vida de Griffin e sua nova peça começam a mudar de formas inesperadas. O filme estreou no Tribeca Festival, onde ganhou prêmios de Melhor Filme dos EUA e de Melhor Roteiro, reconhecimento para essa mistura de humor, drama e descoberta pessoal.
Griffin é gay, e o filme trata sua sexualidade sem rodeios dramáticos, como parte natural de quem ele é, mas também como fonte de inquietação e desejo adolescente. A paixão que ele nutre por Brad não é tratada como algo totalmente fantasioso ou condenável, mas como parte de seu processo de vir à tona, de articular suas emoções, mesmo quando ele faz escolhas impulsivas ou erradas. A natureza da atração pela pessoa mais velha coloca em cena tensões éticas, emocionais e de identidade, que o filme encara com honestidade mais do que com julgamento.
O arco de Griffin acontece também nas áreas menos glamourosas da adolescência: seus amigos que não entendem seus sonhos, sua mãe que luta para manter tudo funcionando, seu pai ausente que aparece como sombra nas conversas. O protagonista às vezes parece deslocado, que ele espera que a arte e o drama sejam salvadoras, mas o filme mostra com clareza que crescimento não é linear. A peça que Griffin escreve, “Regrets of Autumn”, funciona como espelho de suas inseguranças e de seu desejo.
O que “Griffin in Summer” faz de melhor é capturar o lado estranho e dolorido de crescer queer com humor, ambição e desejo, sem enlouquecer por melodrama. Everett Blunck tem desempenho magnético como Griffin, suportando ser egocêntrico, inseguro, intenso e ainda assim simpático. Brad, vivido por Owen Teague, funciona como contraste: mais velho, com menos ilusões, mas também precisando de aprovação.
“Griffin in Summer” é um filme que magoa e diverte, que mostra que o coming-of-age queer não precisa sempre de catástrofes externas, mas pode nascer do desejo contido, da arte caseira, da ambição juvenil e do erro. Colia estreia com voz própria, uma sensibilidade que abraça imperfeição, dor e riso, e cria algo que se sente próximo para quem já viveu ou vive esse momento de primeiros desejos, expectativas e inseguranças.
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