São nos momentos de narcolepsia, quando a personagem dorme que temos as cenas mais lúdicas e bonitas do filme, são os musicais onde Cervera interpreta canções feitas para o filme ou um repertório de Madonna à Queen, sempre numa estética de video-clipe, que remetem a Thriller de Michael Jackson ou os musicais de Sara Montiel.
Marieta vive com um anão, em um prédio cercado por vizinhas, onde se destaca a breve participação de Pilar Bardem, mãe de Javier. As cenas do condomínio e da feira, principalmente, lembram bastante os filmes de Pedro Almodóvar, certamente uma forte influência do diretor, que inclui no elenco duas de suas atrizes: Rossy de Palma e Lola Dueñas.
Marieta se observa no espelho e ostenta o pênis de 20 centímetros, seu paga pão e também sua maldição. Porém ela deseja uma vagina, e enfrenta então o dilema de muitas transexuais, operar e ser uma mulher completa ou continuar mantendo seu órgão sexual masculino para agradar homens. Em uma conversa, com a trans interpretada por Rossy de Palma, as duas falam sobre a repulsa que sentem em relação aos seus genitais.
Com um número de Paroles, Paroles, clássico da música francesa, Marieta está entre o luxo e o lixo. Até que encontra na feira Raul, por quem logo se encanta e resolve então deixar a prostituição para trabalhar como homem fazendo faxina na Estação de metrô Atocha.
Mas com Raul, Marieta não pode ser a mulher que sempre sonhou já que este, encantado pelo seu membro insiste em ser sempre passivo. De forma bem-humorada e caricata o filme aborda o universo das transexuais, que muitas vezes passam por essa situação, de serem à força as ativas da relação.
20 Centímetros é uma delícia de filme, bonito de ser visto e apreciado. A narrativa, contada através de musicais, faz toda diferença e garante um clima burlesco e onírico. O longa certamente trata de uma forma poética, sensível e leve sobre um assunto tão polêmico como a mudança de sexo.
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