Com uma linguagem jovem, estética de internet, o filme poderia muito bem ser mais uma obra adolescente ao estilo John Huges, ou séries como Control Z e Sex Education, se a protagonista não fosse uma trans, ainda inexperiente que sonha em beijar e usa a rede para trocar experiências.
Dirigido por Gil Baroni e rodado em Curitiba, o filme transmite uma mensagem de positividade à outras jovens trans que estão em processo de transição. É curioso, que no início do filme a Internet é tão valorizada que são usadas uma infinidade de memes da cantora Gretchen, quase como parte da narrativa, além de emotions que pipocam na tela.
Quando precisa se mudar para uma pequena cidade no sul do país, Alice se prepara para o pior. Ao som de Cheguei, da Ludmilla ela adentra à nova escola e causa sensação e dúvida entre os outros alunos. A diretora, conservadora, insiste em chamá-la e tratá-la por Jean Genet Junior, seu nome de batismo.
Mas na cidade, Alice também acaba encontrando amigos, Taísa, Bruno e Vivi, e abre um debate sobre identidade de gênero, empoderamento feminino e sororidade. Em determinado momento ela até usa o bordão de Luana Muniz “tá pensando que travesti é bagunça?”.
A transfobia sofrida por Alice é apenas pincelada no filme, já que este está mais para uma Sessão da Tarde, e ela é muito bem aceita por sua família. Mas o mais importante é que ela traz representatividade e visibilidade trans para a adolescência. Em uma homenagem do diretor, a outro longa, Alice tem um pôster do filme Tangerina no quarto.
Despretensioso ao dialogar com o jovem, o filme coloca a questão trans com muita naturalidade em pauta. Ao som de artistas queers da atualidade como Glória Groove, Pabllo Vittar e MC Xuxu e um plot no final, Alice Júnior mostra que sua história e experiências, como a milhares de outras adolescentes trans deve ser contada.
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