sábado, 17 de outubro de 2020

Alguém tem que morrer(Alguién tiene que morir, Espanha/México, 2020)


Alguém tem que morrer, minissérie em três episódios criada por Manolo Caro, o mesmo da excelente La Casa de las Flores, para a Netflix já está entre nós. O primeiro episódio nos introduz à Espanha de Franco, dos anos 1950. Somos apresentados aos personagens principais Mina, Cecília Suarez, Genaro, Ernesto Alterio e a matriarca Amparo, interpretada pela eterna chica Almodóvar, Carmen Maura.

A família Falcón está a espera do filho Gabino, Alejandro Splitzer de Desejo Sombrio. Ele chega do México acompanhado de Lázaro um amigo bailarino e logo acaba gerando rumores sobre sua sexualidade, embora em negócios escusos de seu pai com a família Santos, ele esteja prometido a Cayetana, Ester Exposito da série Elite.


Tão bela quanto perversa Cayetana fará da vida dos dois amigos um inferno, para que possa expor sua sexualidade e seus segredos, pois se sente rejeitada, mas nem desconfia que o irmão Alonso que agora tem um comportamento homofóbico, é o gay que está abaixo de seus olhos. A minissérie aborda o tempo todo questões familiares.


Gabino entra em um embate com a família ao mesmo tempo que esconde um segredo sobre a morte do avô. Por ser julgado homossexual, sem nenhum tipo de provas, ele é preso e torturado pelo pai num exemplo extremo de intolerância e violência.

A ambientação é perfeita, os personagens estão muito bem caracterizados e cada um constrói bem suas personalidades. A mansão onde boa parte da ação acontece é um cenário rico em detalhes ao mesmo tempo que guarda uma certa obscuridade, implícita no período político que a Espanha vivia.


A personagem Mia é das mais ricas, ela é caridosa, ama o filho acima de tudo e está em crise no casamento. Não poderia ser diferente, a atriz Cecilia Suarez dá um show, a propósito ela é um dos principais nomes do cinema mexicano no momento.


Tratando de temas como homofobia, luta de classes e política, Alguém tem que morrer é um bom thriller que traz em sua fotografia imagens simbólicas, como um coração pulsando, para ilustrar determinadas situações. Carmen Maura simplesmente brilha do início ao fim na pele da vilã Amparo, a grande atração da série.

Se em La Casa de las Flores, Manolo Caro tratava a homossexualidade com naturalidade num México colorido e cheio de divas, aqui ele mostra o outro lado da moeda, o de quando ser homossexual ainda era crime e doença. Viver como LGBTQIA+ era perigoso pela pressão da sociedade que nos julgavam como monstros. E momentos históricos como esse, mesmo que tão sombrios, fizeram parte da construção da nossa trajetória e são importantes de ser relatados.

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