sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Um quarto em Roma(La habitación en Roma, Espanha, 2010)

O diretor espanhol Julio Medem sempre abordou a sexualidade e as relações impessoais em seus filmes como Os Amantes do Círculo Polar, Lucía e o Sexo e Caótica Ana. Pois em Quarto em Roma ele não apenas flerta com o sexo e sim realiza sua obra mais erótica, sobre duas mulheres que passam a noite juntas em um quarto do hotel, transando, gozando e trocando confidências.


Elena Anaya, de A Pele que Habito, é uma mulher misteriosa que leva Natasha(Natasha Yanovenko) até o quarto de hotel que está hospedada. Diante da primeira experiência homossexual de Natasha, as duas acabam entrando numa jornada de reflexão, conhecimento e descoberta.


Apesar de ser uma produção espanhola, o filme é majoritariamente falado em inglês apesar de também utilizar o espanhol, o russo e o italiano para ilustrar as origens e histórias de suas personagens principais. O idioma certamente dá mais amplitude à obra.


Praticamente durante todo o filme as duas estão nuas, com os corpos entrelaçados e com pinturas nas paredes que simbolizam suas histórias e a flechada de um Cupido apontada para Alba. Me pergunto até que ponto o sexo entre mulheres no cinema é pretexto para satisfazer desejos voyeuristas masculinos, mas acho que esse não é o caso de Medem que realiza tudo com uma sutileza e sensibilidade aguçadas.


Além do sexo puro, Alba que chama Natasha de Rosita por suas origens espanholas, desnuda sua alma e confronta uma realidade dolorosa que deixou no país de origem. Ao mesmo tempo Natasha está prestes a se casar, mas a noite de desejo inflamável coloca em dúvida seus verdadeiros sentimentos.


Sendo cantando Volare no chuveiro, simbolizando um casamento com roupões brancos, ou gozando intensamente, as personagens se envolvem num alto grau de cumplicidade, enquanto se amam e recordam os sofrimentos do passado.


Acompanhado de uma belíssima trilha sonora, uma linda fotografia que exalta a beleza e a nudez da mulher, Julio Medem escancara a alma feminina e faz de Quarto em Roma sua obra mais intimista, teatral e afrodisíaca.


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