Falado em quechua, dialeto dos andes peruanos, Retábulo pode no início causar estranhamentos, mas aos poucos vamos, através da bela fotografia que remete os altares festivos, religiosos e folclóricos, criados pelos protagonistas, assimilando a história.
Na obra do diretor estreante Álvaro Delgado-Aparício, Segundo(Julio Bejar Roca) um garoto de 14 anos aprende o ofício de fabricar retábulos com seu pai Noé(Amiel Cayo), um prestigiado artista local. A mãe, Anatólia é interpretada pela primeira dama do cinema peruano Magaly Soler, de A Teta Assustada, indicado ao Oscar de filme estrangeiro em 2010.
A admiração de Segundo por seu pai é o que o move, mas em uma comunidade extremamente conservadora, religiosa e que mantém as tradições folclóricas alguns temas são considerados tabu.
Quando se espalha pela comunidade que Noé mantinha relações homossexuais, ele passa a ser tratado com intolerância, humilhação e violência. Apesar de tudo ser acompanhado lentamente, chegamos aqui num gradativo de acontecimentos.
Nada é exposto, tudo é sugerido. O que faz de Retábulo uma obra tão sutil e reveladora, que foi selecionada para representar o Peru, no Oscar 2020.
Segundo se vê diante do maior dilema de sua vida e lidar com aquilo e com a hipocrisia da sociedade acaba se tornando um fardo para ele. A não ser pelo idioma, o filme não apresenta grandes novidades em relação à temática mas é um belo exemplar da evolução do cinema peruano ao longo dos anos.
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