domingo, 11 de outubro de 2020

Retábulo(Retablo, Peru, 2017)


Falado em quechua, dialeto dos andes peruanos, Retábulo pode no início causar estranhamentos, mas aos poucos vamos, através da bela fotografia que remete os altares festivos, religiosos e folclóricos, criados pelos protagonistas, assimilando a história.


Na obra do diretor estreante Álvaro Delgado-Aparício, Segundo(Julio Bejar Roca) um garoto de 14 anos aprende o ofício de fabricar retábulos com seu pai Noé(Amiel Cayo), um prestigiado artista local. A mãe, Anatólia é interpretada pela primeira dama do cinema peruano Magaly Soler, de A Teta Assustada, indicado ao Oscar de filme estrangeiro em 2010.


A admiração de Segundo por seu pai é o que o move, mas em uma comunidade extremamente conservadora, religiosa e que mantém as tradições folclóricas alguns temas são considerados tabu.


Quando se espalha pela comunidade que Noé mantinha relações homossexuais, ele passa a ser tratado com intolerância, humilhação e violência. Apesar de tudo ser acompanhado lentamente, chegamos aqui num gradativo de acontecimentos.


Nada é exposto, tudo é sugerido. O que faz de Retábulo uma obra tão sutil e reveladora, que foi selecionada para representar o Peru, no Oscar 2020. 


Segundo se vê diante do maior dilema de sua vida e lidar com aquilo e com a hipocrisia da sociedade acaba se tornando um fardo para ele. A não ser pelo idioma, o filme não apresenta grandes novidades em relação à temática mas é um belo exemplar da evolução do cinema peruano ao longo dos anos.


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