quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Demônios do Amanhecer (Los Demonios del Amanecer, México, 2024)


Do prolífico diretor mexicano Julián Hernández, "Demônios do amanhecer" tem problemas de ritmo, mas mantém atenção do público que torce pelo casal até o fim.

Em “Demônios do amanhecer", Orlando (Luis Vegas) trabalha como gogoboy em uma balada gay, mas seu sonho é mesmo se tornar um dançarino profissional. Um dia, pegando ônibus para a faculdade, o jovem conhece Marco (Axel Shuarma), estudante de enfermagem. Logo os dois começam a sair juntos e não demora para se tornarem namorados. No entanto, como em toda relação, os dois vão enfrentar as dificuldades de uma vida a dois, enquanto lidam com seus problemas internos.


O diretor Julián Hernández tem trabalhos que datam quatro décadas de carreira, mas tem decisões estranhas para posicionar e movimentar a câmera. As movimentações são muito marcadas e acontecem em vários momentos que não são exatamente importantes. Isso reflete mais uma preocupação puramente técnica do que utilizar a lente como ferramenta para contar a história.


Essa falta de atenção está também na fraca estruturação dos conflitos na trama, de modo que alguns momentos soam deslocados. O tema do HIV, por exemplo, entra e sai de cena de forma muito aleatória, e o público não entende qual a relação que os personagens têm com esse assunto e qual o peso dele para a história.


No entanto, o grande motivo para “Demônios do amanhecer” dar certo se deve às atuações de Vegas e Shuarma. Os dois não só desenvolvem personagens dinâmicos e reais, como também compõem um casal muito convincente, graças à química que possuem juntos. 


Portanto, ainda que o filme atinja um ritmo repetitivo de conflito (Hernández não consegue traduzir direito além de verbalizar com fala de Orlando “não sei o que se passa comigo”), o público se vê torcendo por um final feliz para o casal carismático.


Destaque para a seleção musical, que inclui Gloria Gaynor, a banda mexicana Odisseo e um cover espanhol de Elis Regina.



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