Do prolífico diretor mexicano Julián Hernández, "Demônios do amanhecer" tem problemas de ritmo, mas mantém atenção do público que torce pelo casal até o fim.
Em “Demônios do amanhecer", Orlando (Luis Vegas) trabalha como gogoboy em uma balada gay, mas seu sonho é mesmo se tornar um dançarino profissional. Um dia, pegando ônibus para a faculdade, o jovem conhece Marco (Axel Shuarma), estudante de enfermagem. Logo os dois começam a sair juntos e não demora para se tornarem namorados. No entanto, como em toda relação, os dois vão enfrentar as dificuldades de uma vida a dois, enquanto lidam com seus problemas internos.
O diretor Julián Hernández tem trabalhos que datam quatro décadas de carreira, mas tem decisões estranhas para posicionar e movimentar a câmera. As movimentações são muito marcadas e acontecem em vários momentos que não são exatamente importantes. Isso reflete mais uma preocupação puramente técnica do que utilizar a lente como ferramenta para contar a história.
Essa falta de atenção está também na fraca estruturação dos conflitos na trama, de modo que alguns momentos soam deslocados. O tema do HIV, por exemplo, entra e sai de cena de forma muito aleatória, e o público não entende qual a relação que os personagens têm com esse assunto e qual o peso dele para a história.
No entanto, o grande motivo para “Demônios do amanhecer” dar certo se deve às atuações de Vegas e Shuarma. Os dois não só desenvolvem personagens dinâmicos e reais, como também compõem um casal muito convincente, graças à química que possuem juntos.
Portanto, ainda que o filme atinja um ritmo repetitivo de conflito (Hernández não consegue traduzir direito além de verbalizar com fala de Orlando “não sei o que se passa comigo”), o público se vê torcendo por um final feliz para o casal carismático.
Destaque para a seleção musical, que inclui Gloria Gaynor, a banda mexicana Odisseo e um cover espanhol de Elis Regina.
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