"Baby” de Marcelo Caetano, diretor de “Corpo elétrico”, tem muita personalidade ao contar história sobre ser livre, com um estiloso trabalho de edição e fotografia.
Exibido na Semana da Crítica no Festival de Cannes, “Baby” se passa no centro de São Paulo. Wellington (João Pedro Mariano, foto) é recém liberto da cadeia e em uma noite, acompanhando seus amigos assaltantes de celulares de desatentos no cinema pornô, Wellington conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa. Eles esticam o encontro para o dia seguinte e logo ficam íntimos. Para os novos planos juntos, Wellington assume o codinome Baby e a partir daí o filme explora a relação dos dois e de amigos próximos, como Priscila (Ana Flavia Cavalcanti), ex-esposa de Ronaldo.
“Baby” tem protagonista ex-presidiário, mas sua mensagem sobre liberdade não é referente a uma prisão literal. É sobre a liberdade de se viver livre. Baby se relaciona com quem quer (e do modo que quer), estabelece limites em suas relações e se afasta quando eles não são respeitados. Mesmo inserido em um mundo sem recursos, que às vezes age contra ele, Baby não se rebaixa. Ele se posiciona com autonomia e não aceita ser humilhado.
João Pedro Mariano está bem no papel, mas é Ricardo Teodoro quem realmente brilha em cena, explorando todas as dimensões de Ronaldo, um personagem riquíssimo. Sua performance foi premiada como Melhor Ator Revelação em Cannes. Ana Flávia é muito carismática e também destaca-se no elenco as interpretações de Luis Bertazzo e Marcelo Várzea, ambos atuaram também em “Ainda estou aqui”.
A direção de Marcelo Caetano em “Baby” é muito segura do que quer trazer e isso garante personalidade ao filme. A Edição de Fabian Remy cria recortes e colagens da Fotografia de Joana Luz e do veterano Pedro Sotero (fotógrafo de “Bacurau”, “Aquarius” e “Meu nome é Gal”) para conduzir várias sequências interessantes, como na abertura do longa ou em algumas andanças de Wellington pela cidade. Esses momentos trazem emoções inesperadas e tornam o filme mais dinâmico.
Portanto, “Baby” é mais um belo trabalho autoral de Marcelo Caetano e firma o cineasta como um dos grandes nomes do cinema LGBTQIA+ do mundo. Por mais trabalhos do diretor!
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