Os road movies queer são mais do que histórias sobre viagens — são metáforas poderosas pra busca por identidade, liberdade e conexão num mundo que muitas vezes marginaliza quem desafia as normas. A estrada, nesses filmes, é um espaço de transformação, onde personagens queer enfrentam seus medos, descobrem quem são e constroem laços que desafiam o status quo. De clássicos dos anos 80 a obras contemporâneas, o gênero tem sido um terreno fértil pro cinema queer, oferecendo narrativas que celebram a diversidade e a autodescoberta. No Cinematografia Queer, a gente viaja por esse universo com 10 filmes que mostram como a jornada pode ser tão revolucionária quanto o destino.
“The Living End” (1992) – Gregg Araki
Gregg Araki trouxe um marco do New Queer Cinema com “The Living End”, um road movie punk e niilista sobre dois homens soropositivos, Luke e Jon, que fogem pelos EUA após um diagnóstico de HIV. A jornada deles é uma explosão de raiva e desejo, misturando sexo, violência e um grito contra a sociedade que os marginaliza. É um filme cru, que não pede desculpas, e que captura a urgência de viver plenamente diante da morte.
“Até os Ossos” (Bones and All, 2022) – Luca Guadagnino
Luca Guadagnino transforma o road movie em um conto de horror romântico com “Até os Ossos”. Maren (Taylor Russell) e Lee (Timothée Chalamet), dois jovens canibais, cruzam os EUA em busca de pertencimento, com Lee trazendo uma camada queer à narrativa. A estrada é um espaço de amor e violência, onde a marginalidade dos protagonistas reflete a luta por aceitação num mundo que os rejeita.
“Y Tu Mamá También” (2001) – Alfonso Cuarón
texto brasileiro contemporâneo, com uma narrativa sensível e vibrante.
“To Wong Foo, Thanks for Everything! Julie Newmar” (1995) – Beeban Kidron
“To Wong Foo” é uma celebração queer de amizade e autenticidade, com três drag queens — Vida (Patrick Swayze), Noxeema (Wesley Snipes) e Chi-Chi (John Leguizamo) — cruzando os EUA pra competir num concurso. Ao longo do caminho, elas transformam uma cidadezinha conservadora com sua alegria e coragem, mostrando que a estrada pode ser um espaço de resistência e aceitação.
“Corações Desertos” (Desert Hearts, 1985) – Donna Deitch
Um clássico do cinema sáfico “Corações Desertos” segue Vivian (Helen Shaver), uma professora que viaja a Reno pra se divorciar, e Cay (Patricia Charbonneau), uma jovem artista que a conquista. A jornada é mais emocional do que física, mas a estrada de Nevada simboliza a liberdade de Vivian pra abraçar sua sexualidade e encontrar o amor num mundo que a reprime.
“Alma do Deserto” (Alma del Desierto, 2024) – Mónica Taboada-Tapia
“Lola e o Mar” (Lola vers la Mer, 2019) – Laurent Micheli
Lola (Mya Bollaers), uma jovem trans, e seu pai (Benoît Magimel) cruzam a Bélgica pra espalhar as cinzas de sua mãe, num road movie sobre aceitação e reconciliação. “Lola e o Mar” coloca a identidade trans de Lola no centro, mostrando como a estrada pode ser um espaço pra curar feridas e construir pontes entre gerações.
“Priscilla, a Rainha do Deserto” é um clássico camp do cinema queer, seguindo três drag queens — Bernadette (Terence Stamp), Mitzi (Hugo Weaving) e Felicia (Guy Pearce) — cruzando o deserto australiano num ônibus chamado Priscilla. A jornada é uma explosão de cores, música e autodescoberta, enfrentando preconceitos com humor e resistência, e celebrando a liberdade de ser quem se é.
“Deserto Particular” (Private Desert, 2021) – Aly Muritiba
Conclusão: A Estrada como Liberdade
Dos desertos da Colômbia às estradas dos EUA, esses road movies queer mostram que a jornada é um espaço de transformação. Seja enfrentando preconceitos, descobrindo o amor ou reconstruindo laços, os personagens desses filmes encontram na estrada um lugar pra serem quem são. No Cinematografia Queer, a gente celebra essas histórias que nos lembram que a liberdade está no caminho — e na coragem de segui-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário