quarta-feira, 30 de abril de 2025

Road Movies Queer: Jornadas de Liberdade e Autodescoberta

Os road movies queer são mais do que histórias sobre viagens — são metáforas poderosas pra busca por identidade, liberdade e conexão num mundo que muitas vezes marginaliza quem desafia as normas. A estrada, nesses filmes, é um espaço de transformação, onde personagens queer enfrentam seus medos, descobrem quem são e constroem laços que desafiam o status quo. De clássicos dos anos 80 a obras contemporâneas, o gênero tem sido um terreno fértil pro cinema queer, oferecendo narrativas que celebram a diversidade e a autodescoberta. No Cinematografia Queer, a gente viaja por esse universo com 10 filmes que mostram como a jornada pode ser tão revolucionária quanto o destino.


“The Living End” (1992) – Gregg Araki

Gregg Araki trouxe um marco do New Queer Cinema com “The Living End”, um road movie punk e niilista sobre dois homens soropositivos, Luke e Jon, que fogem pelos EUA após um diagnóstico de HIV. A jornada deles é uma explosão de raiva e desejo, misturando sexo, violência e um grito contra a sociedade que os marginaliza. É um filme cru, que não pede desculpas, e que captura a urgência de viver plenamente diante da morte.


“Até os Ossos” (Bones and All, 2022) – Luca Guadagnino

Luca Guadagnino transforma o road movie em um conto de horror romântico com “Até os Ossos”. Maren (Taylor Russell) e Lee (Timothée Chalamet), dois jovens canibais, cruzam os EUA em busca de pertencimento, com Lee trazendo uma camada queer à narrativa. A estrada é um espaço de amor e violência, onde a marginalidade dos protagonistas reflete a luta por aceitação num mundo que os rejeita.


“Y Tu Mamá También” (2001) – Alfonso Cuarón

“Y Tu Mamá También”, de Alfonso Cuarón, é um road movie mexicano que mistura juventude, desejo e descoberta. Julio (Gael García Bernal) e Tenoch (Diego Luna) viajam com Luisa (Maribel Verdú), e a tensão homoerótica entre os dois jovens emerge como um elemento queer sutil, mas impactante. A jornada, cheia de paisagens mexicanas e momentos de intimidade, é uma metáfora pra ruptura de barreiras sociais e pessoais.

Um marco do cinema queer e road movie, seguindo Mike (River Phoenix) e Scott (Keanu Reeves) em uma jornada emocional e física pelas estradas dos EUA, em busca de identidade e conexão.

texto brasileiro contemporâneo, com uma narrativa sensível e vibrante.


“To Wong Foo, Thanks for Everything! Julie Newmar” (1995) – Beeban Kidron

“To Wong Foo” é uma celebração queer de amizade e autenticidade, com três drag queens — Vida (Patrick Swayze), Noxeema (Wesley Snipes) e Chi-Chi (John Leguizamo) — cruzando os EUA pra competir num concurso. Ao longo do caminho, elas transformam uma cidadezinha conservadora com sua alegria e coragem, mostrando que a estrada pode ser um espaço de resistência e aceitação.



“Corações Desertos” (Desert Hearts, 1985) – Donna Deitch

Um clássico do cinema sáfico “Corações Desertos” segue Vivian (Helen Shaver), uma professora que viaja a Reno pra se divorciar, e Cay (Patricia Charbonneau), uma jovem artista que a conquista. A jornada é mais emocional do que física, mas a estrada de Nevada simboliza a liberdade de Vivian pra abraçar sua sexualidade e encontrar o amor num mundo que a reprime.


“Alma do Deserto” (Alma del Desierto, 2024) – Mónica Taboada-Tapia

“Alma do Deserto”, de Mónica Taboada-Tapia, é um documentário premiado com o Queer Lion em Veneza, que acompanha Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu, no deserto de Guajira, Colômbia. Aos 70 anos, ela luta por um documento que reconheça seu gênero, enfrentando intolerância e barreiras burocráticas após ter sua casa incendiada. A jornada, capturada em paisagens poéticas, é uma odisseia de resistência, identidade e direitos humanos, celebrando a cultura Wayúu e a comunidade queer.

“Lola e o Mar” (Lola vers la Mer, 2019) – Laurent Micheli

Lola (Mya Bollaers), uma jovem trans, e seu pai (Benoît Magimel) cruzam a Bélgica pra espalhar as cinzas de sua mãe, num road movie sobre aceitação e reconciliação. “Lola e o Mar” coloca a identidade trans de Lola no centro, mostrando como a estrada pode ser um espaço pra curar feridas e construir pontes entre gerações.


“Priscilla, a Rainha do Deserto” (The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert, 1994) – Stephan Elliott

“Priscilla, a Rainha do Deserto” é um clássico camp do cinema queer, seguindo três drag queens — Bernadette (Terence Stamp), Mitzi (Hugo Weaving) e Felicia (Guy Pearce) — cruzando o deserto australiano num ônibus chamado Priscilla. A jornada é uma explosão de cores, música e autodescoberta, enfrentando preconceitos com humor e resistência, e celebrando a liberdade de ser quem se é.


“Deserto Particular” (Private Desert, 2021) – Aly Muritiba

Em Deserto Particular, Aly Muritiba leva Daniel, um policial suspenso de Curitiba, numa jornada de 2.700 km até a Bahia em busca de Sara, sua paixão virtual. A estrada, entre o Sul conservador e o Nordeste vibrante, revela que Sara é Robson, um jovem gay que desafia a homofobia de seu mundo.

Conclusão: A Estrada como Liberdade

Dos desertos da Colômbia às estradas dos EUA, esses road movies queer mostram que a jornada é um espaço de transformação. Seja enfrentando preconceitos, descobrindo o amor ou reconstruindo laços, os personagens desses filmes encontram na estrada um lugar pra serem quem são. No Cinematografia Queer, a gente celebra essas histórias que nos lembram que a liberdade está no caminho — e na coragem de segui-lo.



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