No mundo do camp, o exagero é realeza, a ironia é diva suprema e o artificial brilha mais que strass de brechó! Camp é a estética do "tô nem aí pra sutileza": figurinos que gritam, diálogos que riem e choram, e uma subversão que pisca pro público. Nasceu nas margens, no coração queer, como arma de resistência, transformando o "fracasso" em arte e o excesso em liberdade. Susan Sontag tentou explicar isso em Notes on Camp (1964), mas o camp é mais que teoria — é um jeito de viver, criar e desafiar normas com muito estilo. No cinema queer, é a faísca que explode em cores, risadas e emoções.
O CAMP É QUEER
Camp no Cinema Queer: Onde ele brilha?
Características:
Visual: Cores berrantes, figurinos over, cenários artificiais.
Narrativa: Tragédia e comédia num liquidificador, com um toque de absurdo.
Tom: Ironia que pisca e diz “tô sendo extra e você ama”.
Exemplos icônicos:
The Rocky Horror Picture Show (1975): Musical sci-fi queer com Dr. Frank-N-Furter reinando em corsets e atitude camp.
John Waters e Divine: Pink Flamingos (1972) é o camp no modo hardcore, com humor transgressor e estética crua.
Pedro Almodóvar: Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) mistura melodrama, cores vivas e um deboche camp.
Nunca Fui Santa (1999): Uma comédia queer que debocha da heteronormatividade, com Natasha Lyonne e RuPaul em um acampamento de “cura gay” cheio de cores pastel exageradas, ironia e um romance lésbico que lacra.
Cinema contemporâneo: Everything Everywhere All At Once (2022), com seu maximalismo emocional e visual, e Bros (2022), uma comédia romântica queer que flerta com o camp em seus momentos de exagero emocional e referências pop irônicas.
Priscilla a Rainha do Deserto (1994) e narrativas Drag: Drag Queens sempre são Camp e vem ganhando cada vez mais destaque no cinema, com storytellings que vão do terror ao romance.
Nacionais:
A Rainha Diaba (1974): Milton Gonçalves diva como a Rainha Diaba, reinando no crime com figurinos exagerados e uma performance que subverte raça, gênero e moralidade.
Tatuagem (2013): Hilton Lacerda traz o camp em tons nordestinos, com teatro queer e uma Recife dos anos 70 vibrante.
Dzi Croquettes (2009): O doc sobre o grupo teatral usa plumas, purpurina e ironia pra desafiar a ditadura com camp subversivo.
Camp no Terror Queer: O camp no terror queer transforma o medo em uma festa de exageros. Em Salome's Last Dance (1988), Ken Russell leva o camp ao extremo com uma adaptação de Oscar Wilde que é pura decadência, com figurinos opulentos e uma vibe teatral que ri da moralidade vitoriana. Verão Fantasma (2022), de Matheus Marchetti, é um pesadelo tropical brasileiro, misturando horror, musical e romance queer com cores de giallo italiano e uma melancolia camp que abraça os fantasmas. Faca no Coração (2018), de Yann Gonzales, mergulha no universo pornô gay dos anos 70, com assassinatos, cores saturadas e um melodrama que faz o terror virar ópera queer. O camp aqui usa o exagero visual (sangue, glitter, figurinos) e a ironia pra subverter o medo, celebrando a diferença com estilo.
Conclusão: Camp, Kitsch e a Magia do Exagero
Por que o camp é tudo? Porque é resistência disfarçada de festa, um jeito de celebrar a diferença e rir das convenções com muito close. No cinema queer, ele cria mundos onde a gente se vê, se joga e desafia o sistema. E o kitsch? É o primo ingênuo do camp, o exagero brega que não sabe que é brega (pense em bibelôs de avó ou novelas mexicanas). Já o camp é esperto, pisca e diz “sou brega e sou divo”. O kitsch vira camp quando abraçado com ironia, como na vibe de A Rainha Diaba. No Brasil, Dzi Croquettes misturou o kitsch tropical com um camp subversivo que abalou a ditadura. Quer sentir essa energia? Mergulha nesses filmes e acha o camp em cada pluma, cada gritaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário