sábado, 26 de abril de 2025

O que é Camp? Exagerando com Estilo no Cinema Queer


No mundo do camp, o exagero é realeza, a ironia é diva suprema e o artificial brilha mais que strass de brechó! Camp é a estética do "tô nem aí pra sutileza": figurinos que gritam, diálogos que riem e choram, e uma subversão que pisca pro público. Nasceu nas margens, no coração queer, como arma de resistência, transformando o "fracasso" em arte e o excesso em liberdade. Susan Sontag tentou explicar isso em Notes on Camp (1964), mas o camp é mais que teoria — é um jeito de viver, criar e desafiar normas com muito estilo. No cinema queer, é a faísca que explode em cores, risadas e emoções. 


O CAMP É QUEER

Por que o camp é tão queer? Porque ele dá um shade nas normas, pega estereótipos e faz um rebolado com eles, criando espaços onde a diferença é rainha. É a estética da marginalidade, que transforma o "erro" em charme e o excesso em poder. Pense na cultura drag: perucas que desafiam a gravidade, makes que contam histórias e performances que riem do binarismo. No cinema queer, o camp é liberdade pura, deixando histórias e personagens brilharem fora da curva.

Camp no Cinema Queer: Onde ele brilha?

No cinema, o camp é uma explosão de purpurina: figurinos extravagantes, cenários que gritam "sou fake e divo", diálogos melodramáticos e atuações que sabem que são um espetáculo. Pode ser intencional, como provocação artística, ou acidental, como filmes B que viram cult por seu charme "tosco". No cinema queer, o camp é onde a comunidade se joga, resiste e dá risada.

Características:

  • Visual: Cores berrantes, figurinos over, cenários artificiais.

  • Narrativa: Tragédia e comédia num liquidificador, com um toque de absurdo.

  • Tom: Ironia que pisca e diz “tô sendo extra e você ama”.

Exemplos icônicos:

  • The Rocky Horror Picture Show (1975): Musical sci-fi queer com Dr. Frank-N-Furter reinando em corsets e atitude camp.

  • John Waters e Divine: Pink Flamingos (1972) é o camp no modo hardcore, com humor transgressor e estética crua.

  • Pedro Almodóvar: Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) mistura melodrama, cores vivas e um deboche camp.

  • Nunca Fui Santa (1999): Uma comédia queer que debocha da heteronormatividade, com Natasha Lyonne e RuPaul em um acampamento de “cura gay” cheio de cores pastel exageradas, ironia e um romance lésbico que lacra.

  • Cinema contemporâneo: Everything Everywhere All At Once (2022), com seu maximalismo emocional e visual, e Bros (2022), uma comédia romântica queer que flerta com o camp em seus momentos de exagero emocional e referências pop irônicas.

  • Priscilla a Rainha do Deserto (1994) e narrativas Drag: Drag Queens sempre são Camp e vem ganhando cada vez mais destaque no cinema, com storytellings que vão do terror ao romance.



  • Nacionais:

    • A Rainha Diaba (1974): Milton Gonçalves diva como a Rainha Diaba, reinando no crime com figurinos exagerados e uma performance que subverte raça, gênero e moralidade.

    • Tatuagem (2013): Hilton Lacerda traz o camp em tons nordestinos, com teatro queer e uma Recife dos anos 70 vibrante.

    • Dzi Croquettes (2009): O doc sobre o grupo teatral usa plumas, purpurina e ironia pra desafiar a ditadura com camp subversivo.


Camp no Terror Queer: O camp no terror queer transforma o medo em uma festa de exageros. Em Salome's Last Dance (1988), Ken Russell leva o camp ao extremo com uma adaptação de Oscar Wilde que é pura decadência, com figurinos opulentos e uma vibe teatral que ri da moralidade vitoriana. Verão Fantasma (2022), de Matheus Marchetti, é um pesadelo tropical brasileiro, misturando horror, musical e romance queer com cores de giallo italiano e uma melancolia camp que abraça os fantasmas. Faca no Coração (2018), de Yann Gonzales, mergulha no universo pornô gay dos anos 70, com assassinatos, cores saturadas e um melodrama que faz o terror virar ópera queer. O camp aqui usa o exagero visual (sangue, glitter, figurinos) e a ironia pra subverter o medo, celebrando a diferença com estilo.

Conclusão: Camp, Kitsch e a Magia do Exagero

Por que o camp é tudo? Porque é resistência disfarçada de festa, um jeito de celebrar a diferença e rir das convenções com muito close. No cinema queer, ele cria mundos onde a gente se vê, se joga e desafia o sistema. E o kitsch? É o primo ingênuo do camp, o exagero brega que não sabe que é brega (pense em bibelôs de avó ou novelas mexicanas). Já o camp é esperto, pisca e diz “sou brega e sou divo”. O kitsch vira camp quando abraçado com ironia, como na vibe de A Rainha Diaba. No Brasil, Dzi Croquettes misturou o kitsch tropical com um camp subversivo que abalou a ditadura. Quer sentir essa energia? Mergulha nesses filmes e acha o camp em cada pluma, cada gritaria. 



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