“Sauna Day”, de Anna Hints e Tushar Prakash, é um curta de 13 minutos que estreou na Critics’ Week de Cannes e foi selecionado para diversos festivais. O filme se passa numa smoke sauna no sul da Estônia, espaço de tradição cultural, calor, vapor, silêncio e gestos, e usa esse ritual para entrar na intimidade masculina de forma quase poética.
O impacto homoerótico do filme não vem de rótulos explícitos, mas da maneira como ele mostra homens em vulnerabilidade: sem discursos, sem confissões, apenas olhares, suor, toques e gestos que ultrapassam o superficial. A cena de flagelação (whisking ritual) com galhos revela tanto afeto quanto entrega, numa tensão ambígua entre amizade, desejo e o silêncio da norma patriarcal.
A estética de “Sauna Day” é impressionante: fotografia de Ants Tammik capta corpos úmidos em penumbra, o vapor como matéria quase física, som ambiental como respiração coletiva. A filmagem mistura atores e não-atores, registrada em quase uma tomada longa, o que reforça sensação de presença, de ritual verdadeiro.
O contraste entre o exterior (“o mundo lá fora”) onde se exige dureza, papéis rígidos de masculinidade, e o espaço da sauna, onde o corpo se desfaz, é central. No ritual de sauna, os homens se despem de roupas físicas e metafóricas, do peso do olhar social, das expectativas. Esse espaço liminar permite gestos de cuidado mútuo, de exposição corporal e, talvez, de desejo velado, sinalizando que a masculinidade pode ser múltipla.
“Sauna Day” talvez não explicite orientações, não nomeie identidades, mas sua potência queer está justamente aí: no espaço entre o que não se fala e o que se sente, no gesto, no suor, no silêncio solidário dos corpos partilhando calor e fragilidade. É um filme que insiste em que a intimidade masculina também tenha licença para ser sensual, líquida, vulnerável.
Oi Eduardo, tudo bem ? Poderia me passar o link por gentileza?
ResponderExcluirolá! aqui:
Excluirhttps://theflixertv.to/movie/watch-sauna-day-full-129022
Obrigado Eduardo!
Excluir