A Seita, filme produzido pelo pelo coletivo pernambucano Surto & Deslumbramento, e dirigido por André Antônio, traz uma gama de olhares irônicos e debochados, capazes de provocar as mais variadas reflexões. Com o longa, lançado inicialmente como um curta, o coletivo cumpre seu objetivo de fugir de padrões heteronormativos e realizar uma lisérgica história gay.
Em 2040, um jovem pintoso, interpretado por Pedro Neves, decide deixar as colônias espaciais onde vive e retornar para Recife. Na cidade caótica, ele vive em um casa refinada em tons de rosa, rica em detalhes kitsh, cortinas vermelhas e referências que vão de Changeman a Oscar Wilde.
Quando sai para as ruas, encontra lugares de pegação, onde flerta com rapazes e os acaba levando para o seu pequeno palácio, onde transam, fumam maconha e tem conversas existenciais sobre o período caótico que vivem.
Em uma de suas aventuras sexuais ele acaba descobrindo A Seita, um grupo de jovens subversivos que vivem num mundo fantástico com estética de videoclipe indie. O inevitável processo de imersão é imediato, porém falar mais disso seria revelar detalhes importantes.
O apuro estético e a trilha-sonora nos remetem às mais alegóricas obras do cinema francês. Os figurinos anacrônicos, o linguajar gay dos personagens, e o comportamento languido do protagonista, representam uma afronta ao mundo contemporâneo.
Apesar de sua proposta futurista, o filme que pela temática pode ser considerado uma ficção científica, é um grito de libertação LGBTQIA+ que esbanja criatividade, e que, se observarmos bem à volta, não está tão distante de nossa realidade política e social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário