Playdurizm marca a estreia audaciosa do jovem artista Gem Deger, que, aos 22 anos, assume os papéis de roteirista, diretor e protagonista deste longa de terror inovador. Com uma narrativa que dialoga diretamente com o público queer, o filme apresenta uma história estranhamente cativante, desafiando convenções e mergulhando em um universo visual e emocional único.
O enredo segue Demir (interpretado por Deger), um adolescente que desperta misteriosamente dentro de uma série fictícia chamada Instinto Rebelde. Ele se vê ao lado de Andrew (Austin Chunn), seu ator favorito, da namorada deste, Drew (Issy Stewart), e de um adorável leitãozinho chamado Joshua. A trama se desenrola em um mundo esteticamente marcante, quase como uma instalação artística, onde tons de rosa, azul, lilás e neon criam uma atmosfera imersiva. É nesse cenário que acompanhamos uma jornada de luxúria, drogas e um amor obsessivo, enquanto Demir, seduzido por Andrew, adentra um universo de fetiches e fantasias.Fora dessa realidade alternativa, Demir trabalha em uma videolocadora, um detalhe que oferece pistas sutis sobre como ele foi parar nesse mundo estranho, do qual não se recorda como chegou. O filme não hesita em explorar territórios perturbadores, com cenas gráficas de estupro e necrofilia que desafiam o espectador, equilibrando desconforto e fascínio. Playdurizm é uma obra inventiva e louvável para uma estreia, evocando influências de David Cronenberg e Francis Bacon, além de ecoar o espírito excêntrico de Gregg Araki em seus momentos mais bizarros. Um exemplo disso é Andrew enrolando um baseado com uma seda de moranguinhos, um toque que mistura o trivial ao surreal com maestria. Para quem mergulha em Playdurizm, a experiência é como adentrar um sonho febril, onde cores vibrantes e narrativas desconexas se entrelaçam para criar algo hipnótico e, ao mesmo tempo, inquietante. A pessoa que se entrega a essa obra sente-se transportada para o mundo de Demir, oscilando entre a sedução do escapismo e o peso de suas sombras mais escuras. É uma imersão que provoca, desafia e deixa marcas, consolidando Gem Deger como uma voz promissora no cinema contemporâneo.
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