Bom trabalho, relato brilhante da cineasta Claire Denis, sobre a existência dos legionários franceses na África é um filme lindo, compulsivamente poético e que transcreve com inesperada simpatia a severidade da vida de um soldado.
A fotografia de Agnès Godard, compõe alguns momentos realmente bonitos da paisagem africana, com a luz estranha e o terreno implacável contra o qual esses corpos e almas masculinas são testados até a destruição.
Denis Lavant interpreta Galoup, um sargento durão, lamentavelmente inadequado para a vida civil. É entre os bares e calçadas de Marselha, que ele narra sua parte da história, onde, ficamos sabendo, ele foi exilado da Legião.
De volta à Legião, na África, Galoup teve uma lealdade juvenil para com seu comandante Bruno (Michel Subor), uma lealdade que tem elementos de paixão. O próprio Bruno é uma figura madura e grisalha, um homem que vive apenas para a Legião.
O filme de Claire Denis é um balé hipnotizante e masculino cuja beleza e poder de confiança, vão além das ideias convencionais de transgressão ou homoerotismo. Ela coreografa vários exercícios como uma espécie de alucinação ou miragem, eles parecem se tornar sequências de dança e quadros exóticos, que remetem aos soldados gladiadores de Sebastiane, de Derek Jarman.
A aceitação total da disciplina marcial pelos homens é combinada com uma submissão e confiança: apesar de toda a brutalidade implícita e repulsa e reprimida, quaisquer gestos de drama individual são de alguma forma difundidos e dispersos dentro das estruturas da sociedade militar.
O que é realmente notável no filme é a maneira como a diretora consegue fundir o real e o onírico, o naturalista e o figurativo, em um conceito visual. Em nenhum momento, do início ao final inusitado, essa tempestade emocional e fervilhante deixa de agir sobre nossos sentidos.
Que texto !!!
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