Produzido para a BBC, Love is the Devil: Study for a portrait of Francis Bacon foi dirigido e escrito por John Mayburry, baseado na obra de Daniel Farson, The Gilded Gutter Life of Francis Bacon, sobre o icônico pintor abstrato, que se destacava principalmente por figuras humanas desfiguradas.
Boêmio, excêntrico, sarcástico, talentoso e rico. O pintor, interpretado magistralmente por Derek Jacobi, um dia flagra o ladrão George Dyer em sua casa, Daniel Craig muito antes de James Bond. A proposta é clara, se o bandido for para a cama com ele não será denunciado à polícia.
Ambientado na década de 1960, o romance conturbado é movido pelo sexo e uma estética embriagada. As reuniões que Bacon fazia incluia artistas, homossexuais e a vanguarda da época, incluindo a amiga Muriel Belcher, interpretada por Tilda Swinton.
Não há pinturas de Francis Bacon em Love Is the Devil. A permissão foi recusada pela propriedade. Cabe a direção de fotografia de John Mathieson, criar um clima soturno e fazer o filme parecer um próprio Bacon, com filtros e lentes para distorcer rostos e reflexos para alongar imagens.
A nudez completa de Daniel Craig numa banheira, talvez seja o momento mais erótico do filme. O pintor é retratado como um homem egocêntrico que vê em George, um amante descartável, apesar de parecerem completamente dependentes um do outro.
Inteligente, o roteiro passeia pela literatura homoerótica e nos oferece um Francis Bacon muito irônico, egocêntrico e de certa forma angustiante, enquanto George é um neurótico desorientado que recorre à drogas e álcool. Se é uma biografia fiel, não se sabe, mas dessa maneira é que ela foi pintada.
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