No filme do diretor chileno Sebastián Silva, Freddy, interpretado pelo próprio cineasta, e Polly, Kristen Wiig, estão tentando ter um filho juntos. Eles não são um casal: Polly é solteira e Freddy mora com seu namorado, Mo(Tunde Adebimpe), e também com um gato magrelo que rouba algumas cenas.
Freddy, que é um artista plástico, está intrigado com o conceito de criar uma réplica de si mesmo. Ele está incorporando a ideia em uma instalação de vídeo e se fixa na ideia de ser pai. Quando Freddy e Polly descobrem que sua contagem de esperma pode estar muito baixa, perguntam a Mo se ele gostaria de servir como doador, mas ele inicialmente hesita.
Mo é negro, Polly é branca e Freddy é um imigrante. A comédia maliciosa divide o título com o projeto de arte de Freddy, que acaba sendo desdenhado pelo curador por ser 'fofo demais'. Não que alguém dê muita importância para raça, sexualidade ou nacionalidade, exceto ocasionalmente para fazer alguma piada inteligente e cuidadosa.
Mo, Freddy, Polly e outros em seu círculo social, vivem em completa harmonia, até que o vizinho Bispo(Reg E. Cathey), insiste em em usar seu soprador de folhas no primeiro horário da manhã e tornando-se uma constante pedra no caminho de Freddy, por seus comentários homofóbicos.
O maior risco que alguém parece enfrentar, e a fonte mais confiável de riso por cerca de uma hora, é o constrangimento que surge quando limites não ditos são transgredidos. E o trabalho do grupo é precisamente descobrir as regras da vida, agora que as velhas normas desapareceram. Quando isso acontecer, seu mundo se tornará uma utopia alcançada de tolerância, amor e criatividade.
Mas o que parecia uma história anedótica e sinuosa acaba por ser uma máquina narrativa cuidadosamente construída, que dispensa uma série de surpresas brilhantemente desagradáveis. A realização de Silva não é apenas provocar uma reviravolta na história, mas também lidar com uma mudança de tom que vira o filme com certa crueldade.
À medida que os mal-entendidos vão de estranhos a horríveis, as cócegas suaves da comédia são substituídas pela farpa da sátira e o sorriso do público é substituído por uma careta de cumplicidade. Nasty Baby levou o Teddy Award, o Oscar LGBTQIA+, em 2015, no Festival de Berlim.
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