sábado, 3 de abril de 2021

Wittgenstein(Reino Unido, 1993)


Wittgenstein
, último filme lançado em vida por Derek Jarman, é um retrato lisérgico e inteligente do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein, cujas análises de linguagem o tornaram um dos principais autores da virada linguística na filosofia do século XX.

Utilizando de uma abordagem lúdica e contextual, em uma biografia séria e estritamente experimental, o filme usa truques teatrais vertiginosos destinados a ilustrar detalhes biográficos enquanto flerta diretamente com o surrealismo.

O roteiro original foi escrito pelo crítico literário Terry Eagleton, e depois adaptado por Jarman, que jogou a trama toda em um fundo preto onde transcorre a ação. O jovem Ludwig(Clancy Chassay), que nasceu no extremo luxo, é fã de Carmen Miranda e tem um amigo marciano, é um pequeno gênio.

A apresentação do personagem dá o tom da chegada à vida adulta, onde o filósofo abdica de toda a riqueza para viver com humildade, mesmo lecionando filosofia na Universidade de Cambridge. A homossexualidade permeia toda obra com nuances e imagens que deixam muito claras as preferências do protagonista.

Assim, Bertrand Russell(Michael Gough) e Lady Ottoline Morrell(Tilda Swinton) vadiam languidamente em trajes absurdos enquanto discutem a correspondência de Wittgenstein (Karl Johnson), sua obra e pensamentos.

Recheado de cenas lúdicas e emblemáticas, o filme é acima de tudo um deslumbre visual que se relaciona diretamente à obra do filósofo, quando em diversos momentos abre pensamentos e questionamentos existencialistas, além de uma maneira onírica mostrar fatos reais de sua vida.


O filme de Jarman desenvolve um componente emocional apenas quando descreve os relacionamentos ternos de Wittgenstein com seus amantes  e reverbera com ecos misteriosos do presente. "A filosofia é uma doença da mente", diz o preocupado Wittgenstein.

No final, os aspectos lúdicos e mais sinceros do filme se fundem em imagens tristemente belas que representam a morte do filósofo. O anão marciano também tem seu lugar nos momentos finais e geniais de Wittgenstein, a última obra prima de Derek Jarman, ganhadora do Teddy Award, em 1993.


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