sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Faca no Coração(Un Conteau Dans le Coeur, França, 2018)


Vanessa Paradis protagoniza esse thriller francês dirigido por Yann González. Ela é Anne, diretora de pornôs gays na Paris dos anos 1970. Reconhecida no meio underground, ela que lança títulos como Esperma e Água Fresca luta por seu amor por Lois, namorada que a rejeita.


O filme começa com um clima fetichista mostrando imagens homoeróticas de um filme feito por Anne, mesclado pela estética de uma boate sadomasoquista. Vemos então o brutal assassinato de um dos atores por meio de um canivete em forma de dildo de borracha. Começa então uma homenagem aos filmes Giallo setentistas.


Com um caldeirão de referências de Pasollini, Fellini a Edgar Allan Poe o longa possui uma estética alucinógena que homenageia os pornôs franceses dos anos 1970. Em uma cena Anne observa Lois através de um buraco na parede no melhor estilo Psicose, de Alfred Hitchcock.


Faca no Coração, faz uma espécie de metacinema com o filme dentro do filme o tempo inteiro. Nunca sabemos se o que vemos é uma projeção ou a realidade. Os fatos levam Anne a filmar de um jeito muito particular Homocida, um filme erótico baseado nos assassinatos que estão acontecendo.


Marcado por um clima lúdico o filme também faz citação ao teatro de Vaudeville e Garcia Lorca. É extremamente poético ao mesmo tempo utiliza a violência para retratar como os LGBTQIA+ são vistos na sociedade.


Com uma atuação sólida, Vanessa Paradis, em um visual femme fatale ,faz uma protagonista corajosa e que luta pelo amor, porém preenche o vazio bebendo, fumando e fazendo arte. A relação com Lois só se resolverá mesmo no grandioso final.


Faca no Coração é uma grande surpresa, um filme que fala de submundo mas mantendo o clima poético e lírico. Uma metáfora sobre a comunidade LGBTQIA+ narrada pelo ponto da arte subversiva.


Nenhum comentário:

Postar um comentário