terça-feira, 15 de setembro de 2020

Pink Flamingos(EUA, 1972)


Em 1972, após algumas experiências com Divine em Mondo Trasho e Multiple Maniacs, John Waters reuniu seu grupo de amigos da Dreamland, e com um orçamento de U$10.000 filmou sua obra mais controversa e subversiva, Pink Flamingos.

Com Pink Flamingos, Waters realizou sua primeira obra em cores, consolidou sua parceria com a drag queen Divine, além de reforçar sua estética queer e pervertida que o estabeleceria como o “Papa do Trash”.


Divine, a pessoa mais asquerosa do mundo, vive em um trailer em Baltimore, com o nome de Babs Johnson, com Miss Cotton e sua mãe Edie, interpretada pela peculiar Edith Massey. A mãe vive em um cercadinho de bebê e é obcecada por ovos: “Egs, Egs, Egs, Babs” repete ela.


Do outro lado de Baltimore, vive o casal de cabelos coloridos Connie e Raymond, interpretados pelos constantes nos filmes de John Waters, David Lochary e Mink Stone, que antagonizam o filme, e disputam com Divine o título de pessoas mais sujas e asquerosas. Eles sequestram mulheres e as mantendo refém num porão, as engravidando para vender os bebês. Em sua casa um pôster de Andy Warhol estampa a parede.


O longa nos presenteia com uma verdadeira sequência de cenas escatológicas e repulsivas. É um choque atrás do outro, como quando Crackers o filho de Divine faz sexo em meio a galinhas, até matá-las e se ensopar do sangue das penosas.


Enquanto Divine passeia causando por Baltimore e voltando todos os olhares para si vai num açougue e coloca a carne na vagina, entre outras coisas, Raymond mostra uma linguiça amarrada no pênis para mulheres em um parque.


Quando recebe um pacote com fezes Divine se sente ultrajada e considera um ataque direto a sua divindade. Ela resolve então se vingar do casal provando que ela é a pessoa mais suja do mundo.


O grande momento do filme, e que está sendo planejado pela protagonista desde o início é sua festa de aniversário. O evento é um verdadeiro show de horrores, com Divine ganhando presentes como vômito, uma cabeça de porco e um machado. Edie é pedida em casamento pelo homem dos ovos. Dançarinas exóticas animam a festa que têm seu ápice com o contorcionismo anal feito por um dos convidados, numa cena extremamente repulsiva e até difícil de assistir.


O casal do cabelo colorido não suporta ver tamanha alegria e acabam chamando a polícia, a festa então vira um banho de sangue e Divine e sua trupe de convidados canibalizam os policiais.


Masturbação, incesto, estupro, exibicionismo, travestismo, canibalismo. Tudo está inserido no universo absurdo de Pink Flamingos, onde Divine brilha do início ao fim sendo lançada ao estrelato no mundo underground.


Divine lambe a casa de seus rivais para deixar sua marca, depois faz sexo oral no filho Crackers até descobrirem e liberarem as garotas prisioneiras. Antes, porém, uma delas corta o pênis do assistente do casal.


Após Raymond e Connie incendiarem o trailer de Divine a protagonista veste o seu icônico vestido vermelho com cauda de peixe para executar o julgamento, com um discurso de ódio, canibalismo e coprofagia.


Quando perguntada pela imprensa se acredita em Deus, Divine responde “Eu sou Deus”, o que lhe dá o direito de matar seus inimigos e partir para Boise, Idaho. Mas não sem antes fazer a cena que todos esperavam para ver e que a colocaria na história do cinema escatológico. Comendo cocô de cachorro Divine prova que ela, somente ela, é a pessoa mais asquerosa da face da terra.



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