Em 1978 o gênio do cinema alemão Rainer Fassbinder já estava muito a frente de seu tempo e tratava com naturalidade temas como mudança de sexo e transexualidade. Num Ano de 13 luas, filme intimista que realizou após a morte de um namorado, é um triste retrato de uma transgênero que sofre com sua condição e vive uma jornada existencial.
Quando Erwin/Elvira brilhantemente interpretado por Volker Spengler, é espancada num parque enquanto caça michês logo saberemos que a vida da protagonista não será fácil. Ao chegar em casa ela é humilhada e abandonada pelo companheiro Cristoph. A personagem entra então num labirinto de emoções.
Com referências a Fellini e Viscontti, tanto na fotografia quanto na trilha sonora, Faissbinder faz uma obra autêntica, melancólica e visceral. Uma cena violenta em um abatedouro enquanto a personagem fala da experiência trans é extremamente impactante mas essencial para ilustrar os sentimentos da protagonista.
O roteiro sensível, também assinado por Fassbinder, abre uma discussão sobre corpo e gênero, fala das angústias do abandono e traz diálogos muito poéticos e cheio de metáforas sobre vida, morte e transformação.
Uma Frankfurt pós Hitler é o cenário para esse ensaio sobre desejo, sexualidade e hipocrisia humana. Um filme histórico, trágico, pessimista e necessário.
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