Nos bastidores todo o tipo de perversão é realizada. O mestre de cerimônias, David, chama o público para ver um jovem em crise de abstinência ou dois homens se beijando, eles reagem com repulsa. Esse universo de terror de Waters era uma metáfora para como a sociedade enxergava o homossexual nos anos 1960.
Principal atração do show Lady Divine têm um caso com David. Há relação não vai bem e a sociopata ameaça o amante em contar a verdade sobre Sharon Tate. O assassinato da esposa de Roman Polanski tinha acontecido no ano anterior, em 1969, pelas mãos da gangue de Charles Manson, e a piada foi de extremo mau gosto. Mas afinal era disso que o filme se tratava: puro mau gosto.
A aparição do infante de Praga causa em Lady Divine um despertar espiritual, ela anda de mãos dadas com a criança vestida de santo. Uma bizarra Via Sacra é encenada, onde Edith Massey interpreta a própria virgem Maria. E um delgado Jesus sofre seu calvário. O sagrado e o profano em cenas que certamente seriam excomungadas pela igreja, mas que falam com ironia da mesma. Em determinado momento, um junkie injeta heroína aos pés de um santo.
Até se envolver em um relacionamento lésbico, Lady Divine parece esquecer de sua devoção e aterroriza Baltimore. Seu ex-marido que gosta de ser penetrado com Dildos pretende matá-la, porém ao ela perceber que ele matou sua filha e o namorado, o assassina e devora seus órgãos diabolicamente. Mata também a amante lésbica.
De todas as obras de John Waters considerei essa a que mais flerta com o terror, há momentos realmente perturbadores e desconcertantes. Num final apoteótico, ALERTA DE SPOILER, Divine é estuprada pela segunda vez no filme, mas dessa vez não por um viciado de vestido mas sim por uma lagosta gigante, Após o evento surreal ela é perseguida e morta em praça pública.
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