Paul Mescal entrega uma atuação notavelmente contida e introspectiva, que reflete a fragilidade e a timidez do seu personagem diante do despertar do desejo e da solidão inexorável. Josh O’Connor complementa com uma interpretação igualmente delicada, construindo uma dinâmica que privilegia o silêncio, os olhares furtivos e os gestos mínimos. Essa economia de expressão amplia a densidade emocional do romance, evitando a dramatização exagerada ou explícita, se adaptando ao que o filme propõe.
Narrativamente, “The History of Sound” escolhe a sutileza e o ritmo lento como ferramentas para depositar no espectador a sensação do tempo que passa e da efemeridade dos encontros humanos. O filme privilegia detalhes e nuances em vez de reviravoltas ou clímax emocionais evidentes, o que pode torná-lo divisivo.
O som e a música também são protagonistas silenciosos que permeiam toda a narrativa. A viagem para captar as canções follk traduz a tentativa de preservar memórias e afetos, enquanto o próprio som torna-se uma metáfora para os fragmentos do passado, da história pessoal e coletiva, que insistem em permanecer vivos, em meio ao silêncio e ao vazio da guerra.
O filme se destaca por não forçar a figura do amante clássico nem do mártir, optando por um retrato humano e multifacetado das vivências queer. A angústia existencial diante das limitações sociais, somada à força do amor que desafia o tempo e o espaço, é explorada com sensibilidade. “The History of Sound” é uma reflexão potente sobre memória, ausência e passagem do tempo, que ressoa não só para o público LGBTQIA+ mas para qualquer espectador aberto à experiência da dor e do afeto.
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