
De 16 a 30 de outubro, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo reafirma seu compromisso com a pluralidade dos corpos e das imagens que quebram o olhar normativo. Nesta edição, o Prêmio Prisma Queer marca um momento histórico. O CINEMATOGRAFIA QUEER orgulhosamente apresenta um recorte curatorial de desejos, memórias, resistências e corpos que transbordam em cena.
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“La Petite Dernière”, de Mikka Deschamps |
DESTAQUES PREMIADOS E A FORÇA GLOBAL
O cinema queer ultrapassa fronteiras. “En El Camino”, de David Pablos, vencedor do Queer Lion em Veneza, mostra o encontro urgente entre um caminhoneiro e um jovem que se prostitui. “Maspalomas”, de Aitor Arregi & Jose Mari Goenaga, retrata o reencontro e o desejo entre homens maduros nas Ilhas Canárias, premiado com o Sebastiane em San Sebastián. “La Petite Dernière”, de Mikka Deschamps, combina fé e desejo em um coming-of-age que conquistou a Queer Palm em Cannes. “If You Are Afraid You Put Your Heart into Your Mouth and Smile”, de Marie Luise Lehner, traz uma jornada de libertação queer e venceu o Teddy Especial do Júri na Berlinale. Com passagens em Festivais Internacionais também se destacam: “The History of Sound”, de Oliver Hermanus, romance entre dois homens durante a Primeira Guerra; “Blue Moon”, de Richard Linklater com Andrew Scott; “Enzo”, de Robin Campillo; e “Peter Hujar’s Day”, de Ira Sachs, homenagem lúcida ao fotógrafo da cena gay nova-iorquina protagonizada por Ben Whishaw.
EROTISMO, PODER E SUBMUNDO
Entre a provocação e a potência política do desejo: “À Paisana”, de Carmen Emmi é um thriller noir com identidade, poder e erotismo. “Sauna”, de Mathias Broe traz vapor, nudez e ritual de purificação como metáfora corporal. “O Riso e a Faca”, de Pedro Pinho, triângulos afetivos, tensão colonial e corpos em disputa. “Love Kills”, de Luiza Shelling Tubaldini, apresenta uma vampira em São Paulo. “Desire Lines”, de Jules Rosskam aborda masculinidades trans e corpos em trânsito em primeiro plano. “The Kiss of the Spider Woman”, de Bill Condon, com Jennifer Lopez, adapta Manuel Puig com gênero, prisão e performatividade revisitada péla Broadway. “Sorry, Baby”, de Eva Victor, um drama em capítulos que acompanha Agnes tentando se recompor após um trauma.
FORÇA BRASILEIRA: VOZES, CORPOS E RESISTÊNCIAS
O cinema queer nacional reafirma sua potência. “O Labirinto dos Garotos Perdidos”, de Matheus Marchetti, estreia como fábula iniciática e cheia de simbologias. “Ruas da Glória”, de Felipe Scholl, investiga o desejo entre homens em luto e especulação emocional. “Ato Noturno”, de Marcio Reolon & Filipe Matzembacher, tensiona fetiche e escândalos. “Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente, propõe uma releitura simbólica e ritualística de tradições espirituais. "Futuro Futuro", de Davi Pretto, chega como uma distopia de ficção e drama já premiada em Brasília.
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Ruas da Glória, de Felipe Sholl |
JUVENTUDE, DESCOBERTA E ROMANCE
Aqui o afeto jovem pulsa com força. “Anoche Conquiste Tebas”, de Gabriel Azorín, mostra uma juventude queer em busca de utopia. “Duas Vezes João Liberada”, de Paula Tomás Marques, é um jogo de metalinguagem e performance afetiva. “Tesis sobre una domesticación”, de Javier Van de Couter, aborda confinamento doméstico e tensão de gênero. “Julian”, de Cato Kusters, e “Come la Notte”, de Lyric Dela Cruz apresentam desejos que atravessam a noite da identidade. “Drunken Noodles”, de Lucio Castro, é uma comédia romântica gay temperada entre receitas, nostalgias e segredos amorosos.
CORPO, FÉ E TRANSFORMAÇÃO
Quando o corpo e a crença se cruzam como poesia política: “Aurora”, de Andres Maimik & Rain Tolk, evoca espiritualidade e reinvenção corporal. “A Natureza das Coisas Invisíveis”, de Rafaela Camelo, acompanha Glória, uma menina de 10 anos que passa as férias no hospital onde sua mãe trabalha, descobrindo o invisível nas relações humanas. “Dreamers”, de Joy Gharoro-Akpojotor, é uma utopia queer em forma de sonho coletivo. “Queerpanorama”, de Jun Li, amplia o campo documental com vozes, afetos e corpos dissidentes em diálogo. “Odd Fish”, de Snævar Sölvason: no litoral islandês, dois amigos gerenciam um restaurante; um deles assume sua identidade como mulher trans, e a amizade entra em crise
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O Riso e a Faca, de Pedro Pinho |
Entre caminhoneiros e poetas, vampiras e restauradores, entre o riso e o medo, esta Mostra reafirma o cinema queer como potência estética e política. Corpos em trânsito, desejos visíveis e identidades que se reinventam o cinema como espelho de um futuro inevitavelmente plural.
📅 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
🗓️ 16 a 30 de outubro de 2025
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